Heloísa Périssé está em turnê com a peça 'Tia Doro, a Iluminada' - Foto: Divulgação / Andre Wanderley

Heloísa Périssé, 57, conversou com o programa Otalab, do Canal UOL, a respeito de “Tia Doro, a Iluminada”, peça teatral com que está viajando o Brasil atualmente e que é um sucesso em diversos lugares por onde passou.

Ela se inspirou em uma personalidade real para a profissão da mãe da personagem central, que, segundo o texto da peça, dedicava-se à ‘leitura de ânus’. “As pessoas acham que inventei, mas isso é verídico. Existe uma mulher na Inglaterra que faz isso. Quando fui fazer minha peça em Portugal, veio um amigo meu para mim e disse: ‘olha essa mulher aqui, ela está lendo o c*’. Pensei: ‘isso é o que a mãe da Tia Doro vai fazer. Ela vai trabalhar nesse profundo’.”

Heloísa critica o espanto que esse detalhe do enredo causa em parte da plateia. “Qual é o problema? É um órgão como outro qualquer. Quando falo disso, não estou falando só desse elemento no físico. Estou falando das nossas sombras, daquilo que a gente não quer ver, quer varrer para debaixo do tapete.”

Ela brinca com a ‘mensagem’ por trás (sem trocadilho) do ofício exercido pela mãe de Tia Doro. “Essa peça oferece a você um outro lugar de ver o c*. Se a gente não tiver coragem de ficar cara a cara com as nossas mazelas, as coisas não vão ser resolvidas. A hipocrisia vai continuar imperando e o ser humano vai continuar um sepulcro caiado.”

Périssé sobre Ingrid Guimarães: ‘Casamento sem sexo’

Heloísa Pérrissé falou também sobre a relação com uma colega muito querida: Ingrid Guimarães, 51. As duas ficaram 11 anos em cartaz com o espetáculo “Cócegas”, que bateu recordes de bilheteria e popularidade nos anos 2000.

Existe, inclusive, a intenção de remontar o projeto em breve. “Há peças que foram fenômenos, mas ‘Cócegas’ foi mais que um fenômeno: foi um marco. É [um texto] muito contemporâneo, tanto é que eu e Ingrid vamos remontar. Vamos fazer os 25 anos de ‘Cócegas’ para uma geração que não viu.”

A amizade com Ingrid é até hoje tão profunda que, Heloísa brinca, virou uma espécie de ‘casamento sem sexo’. “Sexo no relacionamento não é tudo, e eu e Ingrid somos a prova. Um casamento lindo! [risos] Não é fácil você trabalhar com alguém, é muito difícil. Nisso, nós somos heroínas.”

Heloísa acredita que a franqueza é a chave para manter um bom relacionamento pessoal e profissional por tantos anos. “Você só odeia quem ama. Você ama tanto que se sente na liberdade até de poder odiar e dizer: ‘fulana, você está chata, você é isso’ – poder brigar, poder ‘chover’, como eu chamo. Quando você ama alguém nesse nível, quando tem esse grau de intimidade, pode se dar ao luxo de ‘chover’ – e nós ‘chovemos’.”

Heloísa Perissé revela susto em restaurante: ‘Quase morte’

A comediante revelou ainda ter passado recentemente por uma experiência assustadora, ao engasgar durante uma refeição dentro de um restaurante. Ela quase morreu por conta do incidente.

Heloísa afirma que só se salvou graças à intervenção da amiga que a acompanhava na ocasião. “Na hora em que botei um pedaço de frango na boca, acho que respirei junto e tapou minha glote. Você não consegue tossir, não consegue falar… Se não fosse por uma amiga minha que percebeu, eu teria morrido. Ela veio por trás de mim, fez aquela manobra [de Heimlich], eu consegui expelir e voltei a respirar. Foi traumático.”

Os donos de restaurantes deviam começar a se atentar seriamente para esse fato. Acho que deveria ser exigido dos donos de estabelecimentos que todo garçom, ao ser contratado, deveria saber fazer essa manobra. Heloísa Périssé, no Otalab

A humorista afirmou que nenhum funcionário do local se mostrou apto para socorrê-la. “Depois [do incidente], vim a descobrir que muita gente, em vários lugares, chega a morrer dessa forma, porque as pessoas [em geral] não estão preparadas [para salvar uma vítima de engasgo]. Não teve um garçom que soube fazer essa manobra.”

Ela admitiu que a experiência do engasgo foi mais assustadora que o câncer nas glândulas salivares que enfrentou em 2019. “É uma coisa desesperadora. Se alguém me perguntar sobre experiência de morte que tive na vida, se foi a questão que passei [com o câncer], eu respondo que não. Foi esse engasgo.”

*Com informações de Uol