Sob impacto de fatores como a ampliação do Bolsa Família, a renda média domiciliar per capita (por pessoa) aumentou mais para as camadas mais pobres da população brasileira em 2023. É o que apontam dados divulgados nesta sexta-feira (19) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Entre os 5% mais pobres, o rendimento médio mensal per capita subiu de R$ 91 em 2022 para R$ 126 em 2023, o maior valor da série histórica iniciada em 2012. O crescimento foi de 38,5% na passagem dos dois últimos anos.
Enquanto isso, no outro extremo da distribuição, a renda média mensal por pessoa aumentou 13,2% para a camada 1% mais rica. O indicador avançou de cerca de R$ 18,3 mil em 2022 para quase R$ 20,7 mil em 2023. O recorde da série desse grupo foi verificado em 2019 (R$ 21,6 mil), no pré-pandemia.
Os dados integram a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua: Rendimento de Todas as Fontes 2023.
O levantamento do IBGE vai além do mercado de trabalho e também traz informações de recursos obtidos pela população por meio de iniciativas como programas sociais, aposentadorias, pensões e aluguel.
Na média das diferentes classes da população, o rendimento mensal per capita subiu 11,5%, ao passar de R$ 1.658 em 2022 para R$ 1.848 em 2023. O valor mais recente é recorde na série histórica da pesquisa.
O IBGE também destacou as altas de 16,7% na renda da faixa acima dos 5% até os 10% mais pobres (R$ 294) e de 13,4% na camada acima dos 10% até os 20% mais pobres (R$ 450).
“A gente observa que o aumento ocorreu para todos as classes, mas com maior intensidade no limite inferior da população, até os 20%. Esses grupos cresceram acima da média [geral]”, disse Gustavo Geaquinto Fontes, analista da pesquisa do IBGE.
Conforme o pesquisador, uma combinação de fatores explica o quadro de 2023. Um deles é o avanço do Bolsa Família, que alcançou 19% dos domicílios do país no ano passado, segundo o instituto. O percentual de lares impactados pelo antigo Auxílio Brasil era menor, de 16,9%, em 2022.
“Para os grupos de menor renda, o Bolsa Família, de forma particular, certamente afetou. Foi um dos fatores que contribuíram”, apontou Fontes.
Outro impacto veio do desempenho aquecido do mercado de trabalho, indicou o analista do IBGE.
“Teve uma expansão de 4 milhões na população ocupada. Ou seja, pessoas que não recebiam rendimento do trabalho passaram a receber. Pode ter favorecido os grupos de menor rendimento per capita”, afirmou.
“Em menor medida, o reajuste do salário mínimo um pouco acima da inflação afeta não apenas o rendimento do trabalho e também o rendimento de aposentadorias, pensões e outros programas sociais, como o BPC/Loas”, acrescentou.
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