Bateria da Beija-Flor. (Foto: Thiago Ribeiro/AGIF - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo)

O Rio de Janeiro saberá nesta terça-feira (26) o nome da escola de samba campeã de 2022. Com o início da apuração marcada para as 16h, o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Perlingeiro, comandará a cerimônia e fará a leitura das notas pela 30ª vez consecutiva.

Antes do início da apuração, Perlingeiro fará um sorteio para estabelecer a ordem de leitura dos quesitos. O último deles será usado para fazer o desempate entre duas ou mais agremiações que obtiverem a mesma pontuação.

Os 45 jurados escolhidos pela Liesa se baseiam no Manual do Julgador para avaliar as escolas de samba na competição, sendo cinco para cada um dos nove quesitos em análise: bateria, samba-enredo, harmonia, evolução, enredo, alegoria e adereços, fantasia, comissão de frente, além de mestre-sala e porta-bandeira.

Serão desconsideradas a menor e a maior nota concedidas, em cada um dos nove quesitos em julgamento. As agremiações tiveram um tempo mínimo de 60 minutos e máximo de 70 minutos para desfilar. Cada minuto faltante ou estourado resultará na perda de um décimo.

Sapucaí cheia

As seis primeiras classificadas retornarão à Marquês de Sapucaí no sábado (30), no desfile das campeãs. De acordo com o presidente da Liesa, cerca de 98% dos ingressos já foram vendidos.

“Só há ingresso, praticamente, para as arquibancadas. Depois da espera, o resultado deste ano foi excelente. Após quatro adiamentos, o povo já não estava aguentando mais. O Carnaval faz parte da nossa cultura, da vida do carioca. É o maior evento do Brasil. Vamos fechar com um saldo muito positivo. Estamos colhendo os frutos que plantamos com tanta dificuldade”, avaliou Perligeiro.

As pessoas interessadas na compra de ingressos para o Sábado das Campeãs deverão procurar a Central Liesa de Atendimento e Vendas, na Rua da Alfândega, 25.

Destaques no Sambódromo

No primeiro dia dos desfiles do Grupo Especial, na última sexta-feira (22), os destaques ficaram para Mangueira e Beija-flor. Enquanto a primeira cantou sobre a própria história, homenageando o compositor Cartola, o puxador Jamelão e o mestre-sala Delegado, a segunda agremiação bradou a luta do povo negro e a luta contra os preconceitos.

Já no segundo dia dos desfiles, no sábado (23), os destaques foram as escolas Unidos da Tijuca, que contou a lenda indígena do guaraná; a Vila Isabel, com a homenagem ao sambista Martinho da Vila; e a Grande Rio, que levou o orixá Exu e seu poder de transformação para o espetáculo. Essas últimas, na disputa pelo título de escola campeã na opinião popular.

As escolas Paraíso do Tuiuti e Mocidade Independente de Padre Miguel sofreram com erros que devem custar pontos durante a avaliação dos jurados. O público viu um “buraco” na avenida durante o desfile da Mocidade, que era uma das favoritas da noite, em função de um carro alegórico que enguiçou. Apesar de levantar o público com seu samba, a Paraíso do Tuiuti, por sua vez, estourou o tempo de desfile em dois minutos, também por conta de um problema com a alegoria.

A atual campeã do Carnaval é a Viradouro, que levou o título de melhor escola de samba no último Carnaval, após 23 anos sem ganhar. Com o enredo “Viradouro de alma lavada”, falou sobre o grupo das Ganhadeiras de Itapuã, quinta geração de mulheres que lavavam roupa na Lagoa do Abaeté e faziam outros serviços em Salvador em busca da compra de sua alforria. Já em 2022, a agremiação de Niterói inovou em um samba escrito em forma de carta para falar sobre o primeiro Carnaval após a epidemia de gripe espanhola, em 1919, um paralelo com a pandemia de Covid-19.

Confira os quesitos de julgamento das escolas de samba

Bateria: os jurados deverão considerar a manutenção regular e a sustentação da cadência em consonância com o samba-enredo, a perfeita conjugação dos sons emitidos pelos vários instrumentos, a criatividade e a versatilidade.

Samba-Enredo: o julgador irá avaliar a letra e a melodia de formas separadas. São considerados a adequação da letra ao enredo, a riqueza poética, a beleza e o bom gosto, além da adaptação à melodia. Para a melodia, são julgadas as características rítmicas próprias do samba, a riqueza melódica, o bom gosto dos desenhos musicais, a capacidade da harmonia facilitar o canto e a dança dos desfilantes.

Harmonia: o júri avalia a harmonia do samba, a perfeita igualdade do canto do samba-enredo em consonância com o “puxador” e a manutenção de sua tonalidade. O canto realizado pelos componentes de cada escola também será julgado.

Evolução: são consideradas a espontaneidade, a criatividade, a empolgação e a vibração dos desfilantes. A coesão do desfile, isto é, a manutenção de espaçamento o mais uniforme possível entre alas e a fluência da apresentação, também é avaliada.

Enredo: os valores se dividem em subquesitos somados. O primeiro é a concepção, que analisa a ideia apresentada pela escola, bem como a importância e a densidade cultural. Também contam pontos a clareza, coerência e coesão na roteirização do desfile. O segundo subquesito é a realização, que valida a capacidade de compreensão do enredo a partir da associação entre o conceito e tema, além do desenvolvimento apresentado na avenida pelas fantasias, alegorias e outros elementos visuais. Também contam a criatividade para contar a história escolhida, a apresentação sequencial das alas e alegorias.

Alegoria e adereços: são divididos pelos mesmos quesitos acima. Na concepção, é julgada a adequação das alegorias e dos adereços ao enredo. Na realização, é vista a impressão causada pelas formas e pela utilização de materiais e cores. Também são verificados os acabamentos e cuidados na confecção e decoração, no que se refere ao resultado visual.

Fantasia: outro quesito que se divide em concepção e realização. São analisados a capacidade de criatividade, o significado dentro do enredo, o acabamento e a uniformidade de detalhes.

Comissão de frente: leva em conta a capacidade de impactar positivamente o público, a adequação, criatividade, fantasias e a coreografia. A comissão tem a função de saudar o público e apresentar a escola.

Mestre-sala e porta-bandeira: são julgados a beleza, o bom gosto, acabamento da vestimenta e o uso dela para a dança. Também é vista a harmonia do casal que, durante a exibição, com graça, leveza e majestade, deve apresentar uma sequência de movimentos coordenados, deixando evidenciada a integração.

*Com CNN Brasil