O escritor Tenório Telles anunciou seu desligamento da presidência do Conselho Municipal de Cultura (Concultura) causando surpresa na classe artística de Manaus

O escritor Tenório Telles será substituído a partir de hoje (9) por Neilo Batista, ex-vice-presidente do Conselho Municipal de Cultura (Concultura). O novo presidente é advogado de carreira e ativista social e cultural e junto com Tenório Telles conduziu o processo de diálogo com o setor para ressignificar as políticas públicas municipais de incentivo às artes e aos artistas, desde o início da gestão de David Almeida. Tenório anunciou seu desligamento da presidência do Concultura na noite de sexta-feira (6) por meio de um vídeo publicado nas redes sociais causando surpresa na classe artística que aponta diversos avanços alcançados desde 2021.

A elaboração do Plano Municipal de Cultura, reformulação da legislação do setor no município e programas formativos para gerar oportunidades de trabalho e renda aos fazedores de cultura, inclusive com a inserçâo de artistas ribeirinhos, indígenas e quilombolas, estão entre as conquistas apontadas por representantes de vários segmentos, que democratizaram o acesso da classe artística às políticas públicas de cultura em Manaus.

“Essas iniciativas contemplaram muitos artistas da periferia, contribuindo para que a arte chegasse às diversas zonas da cidade, permitindo o acesso e despertando novos talentos”, explicou Tenório Telles em uma espécie de balanço publicado pela administração municipal em comemoração aos 1.000 dias de gestão.

Neste mesmo balanço, o prefeito David Almeida afirmou que “nossos editais de patrocínio de obras e formação de novos artistas fomentam o empreendedorismo cultural de Manaus. E muito nos alegra que inúmeros artistas tenham oportunidades de desenvolver seus projetos e talentos. A cultura e a arte, assim como o esporte e a educação, podem mudar a vida dos nossos jovens, da nossa sociedade. Estamos fazendo o nosso melhor, enquanto poder público, com ações que se tornam marco na história cultural da cidade”.

Mecanismos de incentivo

O Plano Municipal de Cultura inseriu Manaus no Sistema Nacional de Cultura (SNC) e simboliza um marco na história cultural da cidade, na opinião dos artistas que participaram do 1º Seminário Municipal de Cultura, com o tema “O Futuro das Políticas Culturais numa Cidade de Matriz Plural”, encontro realizado em abril deste ano, que reuniu artistas, produtores e fazedores e cultura para debater demandas e soluções para os segmentos culturais.

A criação do decreto que regulamenta a Lei de Incentivo à Cultura, com perspectiva inicial de aporte de R$ 5 milhões nos segmentos culturais e a implementação da Lei Paulo Gustavo (LPG), que deve viabilizar a execução de 344 projetos culturais na cidade são apontados por artistas e produtores como alguns dos mais importantes avanços do setor na história da Manaus.

Investimento em Manaus

O edital Manaus Faz Cultura (MFC), na edição de 2023, contempla os projetos de oficinas de conteúdo artístico-culturais, com o valor de R$ 20 mil cada, nos segmentos de literatura (11), dança (12), teatro e circo (13), artes visuais (12), audiovisual (12), cultura étnica (11), música (12), cultura popular (11), hip-hop e outros (6), a serem realizadas em todas as zonas da cidade e áreas ribeirinhas do entorno da capital, totalizando cem projetos.

O edital MFC (2023) tem aporte de R$ 2 milhões, beneficiando cem projetos no valor individual de R$ 20 mil, além de formar mais de 5 mil jovens e adultos em todas as zonas da cidade e entorno.

Uma das oficinas emblemáticas deste ano, foi a do teatro “Lugar de Idoso é no Palco: Estudos, Pesquisa e Formação de Atores a partir de Histórias de Vida”, voltada ao público de pessoas idosas. A autoria é do ator decano Gomes de Lima, 84 anos, com quase 70 anos de carreira e atuação em mais de 40 peças teatrais, longas-metragens, com destaque para “A Selva”, em que fez o seringueiro “fujão”, e protagonizado por Chico Dias.

Por Márcia Costa Rosa