"Hell's Haven - O Refúgio do Inferno" se passa na Amazônia, mas foi gravado no Rio Grande do Sul (Foto: Lucelis Bertoletti / Divulgação)

Arroio dos Ratos, Gravataí, Lajeado, Lindolfo Collor, Porto Alegre e São Gabriel. Essas são as cidades escolhidas pela produção do filme Hell’s Haven – O Refúgio do Inferno para emular a Amazônia aqui no Rio Grande do Sul. O projeto independente, que encerrou no final de fevereiro as suas gravações, promete muita ação, mas também aposta em um drama sociológico.

O longa-metragem comandado por Allan Riggs conta a história de Phillips (Roberto Rios), um ex-soldado da Marinha brasileira que, anos depois de perder sua filha de nove anos em um acidente, é chamado para uma missão secreta na Amazônia: resgatar Amanda (Isadora Marchi), uma menina de 17 anos. Porém, quando ele e a jovem são deixados para trás no meio da selva, Phillips vai recuperando, aos poucos, a sua humanidade, ao passo em que cria uma relação paternal com Amanda, enquanto os dois tentam sobreviver.

— É um filme de guerra sobre um pai e uma filha — explica Riggs, que nasceu em Chapel Hill, nos Estados Unidos, mas que vive em Porto Alegre desde criança.

A premissa, apesar de ser comum em Hollywood, por aqui, não é. Mesmo assim, o diretor ignorou o fluxo, que geralmente leva a comédias românticas, e decidiu apostar no gênero — apostar mesmo, porque, para tirar o filme do papel de maneira independente, ele precisou fazer a limpa em suas contas bancárias. Para finalizar o longa, porém, a equipe de O Refúgio do Inferno vai tentar um edital.

— Essa vontade vem da minha paixão por filmes de ação no geral. Principalmente, os que eu levo como referência, que eu acho que vão muito além de só ser aquele filme de ação para assistir com o “cérebro desligado”. Há várias obras que vão bem mais a fundo. Pode ser um thriller sociológico que tem ali a ação, como Tropa de Elite. Isso é uma coisa que eu tentei aplicar no meu filme, que eu não quero vender ele pela ação, quero que seja muito mais do que isso — destaca o cineasta.

A Amazônia é aqui

De acordo com Riggs, um dos grandes desafios do seu filme foi achar locações próximas, para não precisar se deslocar por muito tempo e, assim, conter os gastos. Então, após fazer um estudo geográfico da floresta amazônica da fronteira entre Brasil e Bolívia, que é onde o longa se passa, começou a busca por um lugar assim no Rio Grande do Sul mesmo.

— E a gente achou lugares que se encaixaram muito bem. Inclusive, em uma das gravações, tinha uma Kombi na cena e o motorista contou que ele fez uma viagem pela Bolívia. Ele disse que o cenário onde a gente estava gravando aquela cena era igual aos lugares que ele passou durante a viagem dele. Então, isso nos deu uma tranquilizada para saber que a gente estava no caminho certo — contou o cineasta.

Assim, durante 29 diárias, a equipe reduzida do filme — além de Riggs, fazem parte Cindi Saicosque e Julio Carissini, que se dividem entre produção, direção, assistência, atuação, fotografia, roteiro, operação de câmera, efeitos de vídeo, som e montagem — fizeram com que o roteiro original, que levou dois anos para ser escrito pelo estadunidense que se criou em Porto Alegre, ganhasse vida.

O elenco do filme foi formado por atores que, segundo o diretor, são “apaixonados pelo projeto”. São eles: Roberto Rios, Isadora Marchi, Kauê Santos, Rubens Sant’Ana e Glênio Póvoas, além do norte-americano Robert Malcolm Cumming, amigo de Riggs que topou vir dos Estados Unidos para Porto Alegre para rodar o longa.

O Refúgio do Inferno tem como inspiração o clássico Apocalypse Now (1979) e Caçadores de Emoção (1991), além do jogo de videogame The Last of Us (2013). E para ver essa mistura, recheada de títulos aclamados, ainda é preciso esperar um pouquinho. O longa deve ser finalizado até o final do ano, passará por festivais para que, somente depois, chegue às salas de cinema, com uma data ainda indefinida. O que é certo, no entanto, é a empolgação do diretor com o seu projeto.

— É uma obra que tem várias camadas, com um drama que vai te colocar dentro daquela história. Se tudo der certo, pode abrir os horizontes para que outras pessoas façam filmes desse gênero no Brasil, uma inspiração para outros cineastas. Mas, acima de tudo, em um momento de tanta desordem e ódio na sociedade, o público vai poder ver uma história de amor incondicional de um pai e uma família. E eu acho que isso aí é o principal — finaliza Riggs.

*Com GZH