Orixá vivo entre nós, Gilberto Gil completa 80 anos de sabedoria, musicalidade e engajamento (Foto: Nicolas Weber)

Gilberto Gil é mais que um ícone da Música Popular Brasileira. Não por acaso, é considerado um orixá vivo tamanha é a força de sua obra e impacto social. Sua música tem a capacidade de contar a história recente do Brasil, não apenas pelas canções de protesto, mas as letras que marcaram mudanças de comportamento social revelam a trajetória de um país em construção e constante crise de coerência política, afirmam alguns de seus mais chegados amigos, que aliás são muitos.

A comemoração dos 80 anos do imortal Gilberto Gil teria mesmo que ser tão grandiosa quanto a data. O artista reuniu todo o seu clã para cantar junto com ele pelos palcos da Europa em uma turnê que começa hoje. Segundo o próprio Gil, mais de 30 pessoas cruzaram o oceano ao seu lado. A turnê “Nós, a Gente” começa na Alemanha e passará por diversos países do continente até o fim do mês de julho.

A família grande é resultado de três casamentos com oito filhos, 12 netos e uma bisneta. Muitos deles herdaram o talento musical do patriarca e seguiram carreiras de sucesso, como é o caso da filha Preta Gil e do trio Gilsons, formado pelo filho José e pelos netos João e Francisco, filho de Preta.

Google lança exposição digital “de presente” a Gil

‘O Ritmo de Gil’ é a maior exposição já feita no mundo pela plataforma Google Arts & Cultura em homenagem a um artista vivo, uma espécie de museu virtual sobre a vida e a obra de Gil. São mais de 40 mil imagens e cerca de 700 mídias.

A vida de Gil é contada em três partes: o músico, a inspiração, a alma. Como se fossem capítulos de um grande livro a ser lido com todo o cuidado. Nessas páginas que vêm sendo escritas há 80 anos, o ‘visitante’ encontra todas as informações sobre a vida do artista: a infância, o começo da carreira, a Tropicália, o exílio.

Um grande acervo dividido em 140 temas dos mais variados, onde os fãs vão poder descobrir pequenas curiosidades. O que Gil gosta de ler, de comer, de vestir. “O Ritmo de Gil” é a maior exposição já feita pela plataforma com acervo de um artista vivo.

Esse projeto é resultado de quatro anos de muito trabalho de uma equipe formada por 15 profissionais, liderados pela pesquisadora Chris Fuscaldo. Ela lembra do dia em que, vasculhando os arquivos de Gil, deu de cara com um quartinho repleto de fitas. “Fita de rolo, fita DAT, fita Beta, fita cassete, DVDs, fita VHS. Anotamos mais de mil tipos de mídia”, conta a jornalista e curadora da exposição.

Quem quiser começar pelas fotos, deve navegar com calma, afinal de contas, são mais de 40 mil imagens. A história de uma vida inteira em um álbum repleto, e agora aberto para todo o mundo ver.

“É um acervo bastante amplo e que vai continuar sendo abastecido à medida que eu continuar fazendo coisas, continuar viajando, o surgimento dos meninos da própria família se formando, se profissionalizando, se tornando músicos, se tornando, enfim, ativos em várias áreas”, afirma Gil.

Como a vida de Gil, a exposição sobre ele é uma obra aberta e pode ser atualizada a qualquer momento. Basta um novo show, um novo disco, mais uma parceria. E que seja assim por muito tempo, afinal, para Gil, o tempo é rei.

Por Márcia Costa Rosa (Com informações do Uol e do G1)