Ao se debruçar sobre a cidade como artefato cultural, Otoni Mesquita revela pluralidade dos seus sentidos: material, simbólico, político, poético e artístico entrelaçados na invenção de identidade local da cidade de Manaus. Um clássico da história de Manaus, resultado de intensas pesquisas e reflexões do historiador. Para marcar o lançamento do novo livro do escritor Otoni Mesquita, a Editora Valer realiza neste sábado (26), às 10 h, uma live, direto do facebook, para apresentar a segunda edição da obra intitulada ‘La Belle Vitrine: Manaus em dois tempos (1890/1900)’. Em relação à primeira edição, impressa pela Editora da Universidade do Amazonas (Edua), esgotada há algum tempo, esta da Valer surge revisada e acrescida de notas, textos e anexos de imagens e mapas.
O lançamento conta com a presença de convidados ilustres em um bate-papo com Geraldo Valle, arquiteto e professor, com mediação de Neiza Teixeira, filósofa e coordenadora editorial da Editora Valer, além do historiador e artista plástico Otoni Mesquita.
“La Belle Vitrine: Manaus em dois tempos (1890/1900)” é um volume robusto, porém, escrito com a elegância e leveza por um autor rigoroso na aplicação do método científico, e, sobretudo, preocupado em se comunicar com os mais amplos segmentos de leitores.
“La Belle Vitrine trabalha a concepção de uma cidade artificialmente transplantada, ou seja, copiada do modelo europeu e implantada no meio da Amazônia, consequência da expansão do mercado capitalista. Aqui, se apresenta uma questão sobre a expansão do capitalismo e a construção de espaços de consumo. Minha discussão é sobre a cidade de Manaus. A minha musa, no caso, é essa cidade que se transforma à medida que Eduardo Ribeiro fez as suas obras na última década do século XIX. Dizer que a ultima década do século XIX ocorreu uma fundação da cidade, considerando a história antecedente e o que ela se tornou, depois da última década, é bastante forte, por isso, os leitores precisariam ler para descobrir quais são os argumentos”. Explicou Otoni Mesquita.
Ainda segundo o autor, La Belle Vitrine é um fator interessante para atrair a leitura, sobretudo da transformação. As pessoas precisam saber da história da cidade, para isso, é fundamental que se investigue e questione.
“A segunda edição do livro tem uma reformatação de alguns aspectos do texto, inspirada, sobretudo, pela Neiza Teixeira, pois é ela que me estimula bastante, então, basicamente, é um trabalho acadêmico, mas que interessa e deveria interessar as pessoas que se interessam por cidades, por Manaus, por transformação, por identidade e por memória”.
“Então a grande chamada seria a questão do comprometimento com a sua identidade e memória. Isso não quer dizer que a pessoa precisa ser de Manaus, é uma discussão que está em aberto e que pode ser questionado os argumentos colocados na tese, pois uma tese é pra ser discutida, mas para ser discutida, ela precisa ser lida, então, seria fantástico se as pessoas lessem mesmo que fosse para criticar, pois isso é muito importante”. Ressaltou o escritor.
A live será transmitida pela página oficial, no facebook da editora Valer.
Sobre o autor
Otoni Moreira de Mesquita Nasceu em Autazes (AM), em 1953, é professor aposentado da Universidade Federal do Amazonas, Doutor em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com a tese o Mito e a refundação da cidade de Manaus (1850/1915). É Mestre em História e Crítico de Arte, com a dissertação a Belle époque manauara e sua arquitetura eclética (1850/1995), graduado em Comunicação Social pela Fundação Universidade do Amazonas (1979), em Gravura, pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atua como artista plástico desde 1975, pesquisador de técnicas materiais e artísticas, participou de mais de uma centena de exposições coletivas e mais de vinte participações individuais, mais participações em salões nacionais, entre outros livros publicados: Manaus: história e arquitetura (1669-1915) e Mercado Adolpho Lisboa: história e arquitetura.
Sobre o livro
Esse encontro da cidade com a história se realiza, de modo original, neste livro de Otoni Mesquita. O domínio da pesquisa exala o envolvimento pessoal do autor com ela. Inspirado, sobretudo, por uma bibliografia do campo das artes, a reflexão parte da definição da cidade como artefato cultural. Assim, ela é compreendida como produto da criação humana, e, portanto, como ato humanizador que distingue a espécie humana. Importa sublinhar, no entanto, a consideração sobre o fato de que o criador se constrói no ato da criação. É desse modo que a interrogação sobre a cidade conduz à história ao buscar identificar as diversas forças que a moldaram evidenciando seus múltiplos artesãos. Apresenta-se, então, uma compreensão da história urbana menos interessada na descrição da forma ou da expansão urbana do que nos sujeitos sociais da cidade.