Cena no souq Waqif, um antigo mercado renovado no Qatar - Foto: Getty Images

As atenções de todo fã de futebol se voltam agora para o Qatar, país que sedia a Copa do Mundo a partir do próximo dia 20. Localizado na Oriente Médio e banhado pelo Golfo Pérsico, é um emirado, ou seja, governado por um emir, definição para monarca adotada em muitas regiões muçulmanas — a religião predominante entre os qatarianos, também chamados qatarenses ou qataris.

Como ocorre com os demais países árabes, o Qatar tem sua cultura própria e coleciona costumes diferentes. Tais características pedem uma certa preparação para os torcedores do mundo inteiro que já estão chegando à região.

Se você é um deles, ou tem curiosidade para saber como é o dia a dia no Qatar, conversamos com brasileiros que residem por lá e contam, a partir de agora, as principais regrinhas de comportamento, esclarecendo o que pode (ou não) fazer por lá.

Sem carne de porco

O personal trainer e professor de jiu-jitsu Felipe Giarolla, que mora no Qatar há três anos, avisa: quem pedir um hambúrguer com bacon vai receber um lanche com ingrediente à base de carne bovina. Isso porque o país segue a religião islâmica e a carne de porco é proibida entre os muçulmanos, ficando de fora dos cardápios tradicionais.

“Se quiser comprar carne de porco, é necessário fazer uma carteirinha de autorização, marcar horário em lugar específico que vende isso, que é só um no país inteiro, cita.

Bebidas alcoólicas só no hotel

Aquela cervejinha que geralmente acompanha os jogos de futebol exige dribles em terras qataris. Assim como a carne suína, bebida alcoólica é barrada pelas leis islâmicas e seu consumo é restrito a hotéis e ambientes residenciais.

Nenhum restaurante comercializa qualquer bebida que contenha álcool, sendo disponíveis apenas em bares nos hotéis e lugares selecionados. Quem quiser comprar álcool também precisa de carteirinha com autorização e agendamento para o negócio.

Carregar ou portar bebidas na rua é igualmente proibido. Para transportá-las, a regra é mantê-las fechadas no porta-malas do carro.

Não diga “não” ao cafezinho

Se por aqui é bastante educado responder “não, obrigado” quando alguém oferece uma xícara de café, o mesmo não acontece por ali. Segundo Thais Caldeirinha, a turismóloga e Hospitality Senior Manager do Comitê Supremo do Qatar, que mora no país há dois meses para a Copa do Mundo, o ideal é apenas balançar o copo que os garçons param de servir o café — que, por lá, é do tipo árabe, amarelo. Ou seja, dizer “não” é sinal de falta de educação.

Mantenha a sola do sapato no chão

Cruzar as pernas e deixar as solas do sapato em evidência fez com que os seguranças chamassem a atenção de Felipe dentro de um órgão público. Isso ocorreu porque, para a cultura local, a sola do pé é a parte mais suja do corpo, logo, não deve ser mostrada a ninguém, remetendo ao desrespeito com as pessoas. Então, mantenha os pés no chão!

Roupas apropriadas para cada lugar

É provável que o “dress code” do Qatar seja a maior preocupação dos turistas, afinal, o país é um local mais conservador. Apesar de o país estar mais “aberto” aos costumes ocidentais, as vestimentas que expõem partes do corpo devem ser reservadas para festas particulares.

Nas ruas, é melhor as mulheres esquecerem shorts ou minissaias muito curtos, peças inexistentes em espaços ao ar livre, apesar do calor intenso. Trajes mais comportados, que cubram os ombros e os joelhos, sem decotes, são os mais indicados, principalmente em órgãos públicos e lugares sagrados.

Biquíni na praia é realidade

Para quem pretende curtir o mar por lá, Felipe garante que biquínis e sungas são permitidos, mas apenas em algumas regiões. De acordo com ele, as restrições para as roupas de banho acontecem mais nas praias centrais ou privadas, onde é preciso pagar para entrar. Porém, nas demais, é liberado desde que não exagere diante dos costumes locais.

Beijos e abraços não rolam

Se há maior tolerância nas roupas, os olhos continuam bem abertos para as demonstrações de afeto. O jeito caloroso dos brasileiros deve ser mais contido no Qatar em locais com mais gente. Abraçar ou beijar na rua não é permitido por lá. Isso vale para qualquer formação de casal — tanto hétero como homossexual. Os LGBTQIAP+ serão bem-vindos, de acordo com as autoridades, desde que sigam as regras de comportamento.

Pode tirar fotos, mas com respeito

Thais diz que tudo bem tirar fotos na cidade — inclusive, os turistas que já estão por lá têm caprichado nas imagens de diversos pontos do país e os moradores locais não se importam. Entretanto, se a ideia for fotografar um cidadão do Qatar ou tirar uma foto com ele, isso não deve acontecer sem sua permissão. Em mesquitas e até espaços governamentais, as regras podem mudar. É melhor se informar previamente sobre o local específico.

O pais está aberto e preparado

A turismóloga destaca que muitas situações já mudaram desde o anúncio da Copa do Mundo. Por causa do evento, o país está em festa e aguardando os turistas e torcedores internacionais. Além disso, ela conta que a população está bem mais aberta que o normal e tudo tem sido feito com riqueza de detalhes, desde a decoração da cidade até a manutenção dos estádios de futebol.

Cuidado com as multas

Apesar disso, é sempre bom saber o que deve acontecer caso alguma regra seja descumprida. Nesse sentido, Felipe Giarolla acrescenta que o país aplica multas para praticamente qualquer descumprimento. Dessa forma, se o valor não for pago, o cidadão é levado à delegacia.

Não sabemos se essa questão será mais afrouxada durante os jogos, por isso, a recomendação é respeitar as regras. Um exemplo dado por Felipe foi o uso de máscaras durante a pandemia — quem não usava era multado em um valor salgado e, se não pagasse, acabava preso.

*Com informações de Folha de São Paulo