Tambaqui assado do restaurante paulistano Daselva - Foto: Tomaz Pimentel

Lembranças de minha terra, de seus igarapés, da beleza manauara, dos dias quentes… – ah, os dias quentes, pelando, fervendo e tinindo! Suas noites boêmias, enfim…quem não sente falta de sua terra natal, não é mesmo? Foi divagando assim que busquei uma lembrança, um “cheirinho de alecrim” aqui em Sampa. Conheci esse restaurante maravilhoso chamado “Daselva”, que fica no final da Consolação, 41, centro histórico de SP. Começamos com um caldo de tambaqui, seguido de costelinhas de tambaqui empanadas com farinha do Uarini… lembrei de meu pai, caboco Orlando Farias, que adorava assar um tambaqui colocando muito cheiro verde e vinagrete dentro dele…

Na hora do pirarucu de casaca, as lembranças me levavam para a infância, onde minha avó, Dona Raimunda, mulher guerreira e ótima cozinheira, me ensinou a comer bem! Engraçado, né, como o gosto trás lembranças das ruas e casas, do São José II, do centro, da Avenida Luís Antony, dos banhos no Rio Negro…

É banzeiro! Diria o caboco…

É banzeiro do rio, da lezeira baré, das pupunhas, dos tempos do boi…

Então, a sobremesa: uma torta de doce de cupuaçu e queijo do Reino: o cupuaçu me levava a Manaus e o queijo me trazia de volta a São Paulo, a suas inovações… uma mistura de sabor exuberante, uma novidade, altamente reconfortante para um paladar saudoso…meus cumprimentos ao Jorge Mujica, dono do restaurante e aos chefs da casa. Aliás, os chefs são da terrinha também… como disse o atencioso Jorge, somente os daqui sabem realmente “dar o ponto”…

Para quem comeu jaraqui e mesmo assim não mora aqui, a saudade de tudo será um dia o guia, para voltar a essas paragens…

Artigo escrito por Tomaz Pimentel, um manauara que mora em São Paulo