Cena do filme 'Barbie'; longa provocou onda rosa - Foto: Reprodução

O novo filme da Barbie criou uma onda rosa: outdoors, salas de cinema, comidas e roupas foram coloridas para prestigiar a personagem.

E se você descobrisse que tudo o que envolve essa cor é, na verdade, uma “invenção” da sua cabeça? Sim, a cor rosa é uma sensação criada pelo nosso cérebro.

Em entrevista a Tilt, o professor Euclydes Marega Junior, do Instituto de Física da USP de São Carlos, nos ajuda a entender o fenômeno.

Primeiramente, é preciso lembrar que a luz é uma onda. A cor de um objeto é determinada pela frequência da onda que ele reflete. Há uma variedade de frequências de onda e é isso o que constitui o que é chamado de espectro eletromagnético.

O espectro inclui ondas imperceptíveis aos olhos, como infravermelho, ultravioleta e raios gama, até outros tipos de ondas, como as de rádio e microondas.

O que os seres humanos enxergam está dentro de um intervalo menor, chamado “luz visível”. Mas a cor rosa não está presente neste espectro visível — ou seja, não há um comprimento de onda associado ao rosa. Ele não está no arco-íris.

Por isso, dizemos que a cor rosa “não existe”.

Mas, então, como vemos o rosa?

Esse é um trabalho do nosso cérebro. O olho humano tem estruturas chamadas cones e bastonetes. Os cones são responsáveis pela detecção das cores na formação de uma imagem.

Nossa retina tem três tipos de cones: os que detectam a frequência vermelha/laranja (R), verde/amarela (G) e azul/violeta (B).

“A composição destas três frequências forma as cores que percebemos. Nosso cérebro cria uma soma de cores para compor a imagem que observamos”, explica.

“Para o nosso cérebro, a cor [rosa] que vemos é uma composição dos sinais recebidos pelos cones vermelho e azul. A expressão de que o rosa ‘não existe’ vem do fato de que nosso sistema visual faz uma composição destas duas cores para criá-lo”, explica o professor.

Como o vermelho e o azul não estão lado a lado no arco-íris, não há um comprimento de onda rosa. É como se nosso cérebro preenchesse essa lacuna e “inventasse” o rosa.

Ou seja, existe uma diferença entre a cor física, caracterizada pelo comprimento de onda do espectro eletromagnético, e a sensação da cor, que é uma interpretação, como o caso do rosa.

Se você já assistiu ao filme, pode imaginar que toda essa análise dá um significado ainda mais profundo à Barbie Land (terra da Barbie), um lugar imaginário totalmente rosa, que também é “fruto da nossa imaginação”.

*Com informações Uol