Foto: MI Moda Indígena

Os projetos MI Moda Indígena, Arte com Toque e Kaxiri na Kuia foram tema de evento intercultural sobre a diversidade étnica, neste fim de semana, em um dos mais renomados centros culturais da cidade de Veneza, o Candiani.

As apresentações foram feitos pelas estilistas indígenas amazonenses Seanne Oliveira Munduruku, Sandra Munduruku, Elisângela Apurinã, Rebeca Ferreira Munduruku, durante duas horas de apresentação e debate com a plateia formada por professores, membros de associações e comunidades brasileiras e jornalistas.

Segundo a designer e administradora do projeto e marca MI Moda Indígena, Rebeca Ferreira Munduruku, a palestra teve além dos projetos indígenas amazonenses, o objetivo geral de abordar a interculturalidade e desenvolvimento das pesquisas e projetos sobre a moda indígena e etnias do Brasil. “Os europeus são curiosos quanto a origem, como são extraídos e adquiridos nossos insumos”, pela preocupação com o ciclo e sustentabilidade.

Eles perguntaram sobre o retorno social às comunidades indígenas, a importância do trabalho coletivo e o perigo da ocidentalização na moda indígena. “Falamos somente em nome do nosso próprio projeto pela nossa própria experiência e perspectiva, e afirmamos que como coletivo entendemos que a Moda é uma ferramenta para falar sobre interculturalidade étnica indígena com retorno social e empreendedorismo consciente e sustentável”, disse Rebeca afirmando que todos os indígenas vivem pelo coletivo; e se a moda frisa apenas a divulgação de um nome e a centralização de uma pessoa, nesse momento já se tornou comercial e ocidentalizado, frisou.

As estilistas mostraram nas apresentações o cenário local de Manaus, onde existe um polo de produção artesanal e indígena que possibilita a integração de comunidades no mercado de moda.

Projetos

Outros assuntos também apresentados foram o Arte com Toque, de arte visual, e o Kaxiri na Kuia, de dança. Outra atração do grupo são as biojoias em brincos e colares, adornos de cabeça de arte plumária que encantam os europeus pelas cores das penas, sementes, e a temática ambiental muito na moda.

MI Moda Indígena

MI Moda Indígena é uma marca e projeto criado pelas mulheres indígenas Rebeca Ferreira e Seanne Oliveira, do povo Munduruku. Em novembro de 2021, a professora e designer Seanne Oliveira, também conhecida como Seanny Artes, criou o projeto Desfile Intercultural de Moda Indígena, com o objetivo de promover a economia criativa dos povos indígenas de Manaus que vivem nas áreas urbanas da cidade. O MI Moda Indígena teve início com um curso de formação, posteriormente renomeado Programa de Formação de Designers de Moda, em dezembro de 2021, na comunidade Parque das Tribos, com a participação de 32 estudantes indígenas de 15 etnias diferentes.

O projeto também alcançou a aldeia Inhaã-Bé, a comunidade Watyamã e a comunidade Estrela de Davi Kokama. Em abril de 2022, o programa Rede de Cultura do Amazonas, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Amazonas, sediou a edição de 2022 do 1º Salão Intercultural de Moda Indígena, resultado do projeto desenvolvido nas comunidades de Manaus.

O tema da primeira edição foi “Design Gráfico Indígena: Tradição, Ascendência e Contemporaneidade”, que expôs o multiculturalismo étnico dos povos indígenas da Amazônia por meio de grafismos incorporados às roupas e aos corpos. Em julho de 2022, o projeto se consolidou como marca, assumindo o nome MI Moda Indígena, dando continuidade e se desenvolvendo.

Em 2023, a MI Moda Indígena foi a primeira marca brasileira de moda indígena a participar de uma Semana Internacional de Moda, por meio da revista britânica High Profile Magazine e da empresa Best of Brazil. Em 2024, o MI Moda Indígena participou da JCA London Fashion Academy, liderada pelo designer Professor Jimmy Choo, e colaborou com a CVS Brent e a Loteria Nacional por meio do projeto Fundo do Patrimônio da Loteria Nacional, em colaboração com o Best of Brazil e a JCA. Atualmente, o MI Moda Indígena colabora com a Bullock Inclusion em projetos de desenvolvimento de moda e por meio de um projeto paralelo criado pelo designer Seanny Munduruku, chamado Arte com Toque, que desenvolve processos artísticos para pessoas com deficiência visual e baixa visão.

Com informações da assessoria