Foto: Lula Marques / Agência Brasil

Submersa desde que sacou uma pistola e perseguiu um homem na véspera da eleição de 2022, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) tenta retornar aos holofotes.

Zambelli articula para se tornar a líder da minoria na Câmara. A movimentação divide opiniões. Há defensores engajados e parlamentares totalmente contrários.

A antipatia de Jair Bolsonaro (PL) é outro empecilho. Ele atribui sua derrota na eleição ao episódio da perseguição. Uma entrevista de Zambelli criticando a ida do ex-presidente para os Estados Unidos também contribuiu para complicar a relação entre ambos.

Procurada, a deputada não quis se manifestar. Nenhuma novidade. Zambelli adotou uma atitude de aversão à imprensa nos últimos dois anos.

Embaralhando o jogo

A aspiração de Zambelli ocorreu quando os cargos de liderança pareciam encaminhados. A direita conservadora é capitaneada pelo PL e há três cargos para atuação: líder do partido, líder da minoria e líder da oposição.

O costume é os cargos serem entregues ao deputado que tenha mais apoio. O parlamentar recolhe assinaturas de colegas avalizando seu nome e recebe a nomeação. Três deputados tinham assinaturas suficientes:

    Líder do PL – Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ);

    Líder da oposição – Zucco (PL-RS);

    Líder da minoria – Caroline de Toni (PL-SC)

A tentativa de Zambelli mexe com os planos políticos de uma colega. Caroline de Toni é atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça e ganhou respeito da direita ao aprovar projetos conservadores.

Marcada pela fama de não agregadora, Zambelli tentou um acordo com De Toni. Evitar brigas é importante para não alimentar a pecha de política egoísta que paira sobre Zambelli.

Ela ofereceu a vice-liderança da minoria a De Toni. O cargo sequer existe e a proposta não foi aceita, conforme apuração do UOL.

Apesar da disputa, a liderança da minoria é uma função sem poder parlamentar. Não permite fazer indicações dentro de partidos nem junto à Mesa Diretora da Câmara. O que o cargo oferece é um holofote para o ocupante

Apoiadores de Zambelli

Deputados do bolsonarismo raiz estão ao lado de Zambelli. Eles ressaltam que a direita pretende ser mais combativa a partir deste ano, já mirando nas eleições de 2026.

Zambelli é conhecida pela postura agressiva. O alcance nas redes sociais, com 6,2 milhões de seguidores somando Instagram e X, é outro ativo dela.

A cassação da deputada também é citada. Ela é julgada pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

Entre os 7 juízes, 4 já votaram pela cassação. O processo também aplica pena de não poder se candidatar a nenhum cargo público durante oito anos.

Os apoiadores de Zambelli querem dar maior peso político para a deputada. Os aliados esperam uma longa batalha e argumentam que quanto mais graduada na direita, mais armas ela terá para a disputa judicial.

A aversão ao PSOL também é usada para torná-la líder da minoria. O pedido de cassação partiu da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e dar resposta à “extrema esquerda” é uma forma de pedir assinaturas para Zambelli.

Os opositores de Zambelli

Os grandes anúncios da direita acontecem com deputados reunidos no salão verde. Trata-se do espaço da Câmara para entrevistas sobre temas importantes.

Mesmo com a direita precisando mostrar envergadura, Zambelli não era convidada a participar dos eventos. Não havia clima por causa da aversão de Bolsonaro e da pecha de egoísta. Nos últimos dois anos, ela olhava as coletivas de longe, parada atrás das câmeras da imprensa.

Este histórico joga contra a deputada. A maioria dos parlamentares contrários a Zambelli na liderança da minoria não faz grandes reflexões para justificar sua opinião. Usam termos desqualificadores, como “ficha corrida manchada”, para negar apoio.

A situação ocorre até mesmo entre bolsonaristas raiz. Além de um alinhamento com Bolsonaro, eles preferem De Toni, que também é bolsonarista raiz e bastante engajada com as pautas da direita conservadora.

Com informações do Uol