Lula escolheu Floriano de Azevedo Marques e André Ramos Tavares; com os novos empossados, governo terá maioria na corte. FOTO: Wilton Junior / Estadão

Decisões de ministros da Corte determinaram retirada de conteúdo de plataformas digitais como Facebook, Instagram, Twitter, Telegram e Gettr, popular entre adeptos de ideologias de extrema direita

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a exclusão de pelo menos 334 publicações em redes sociais, alegando veiculação de conteúdos falsos desde o início da pré-campanha neste ano.

Levantamento feito pelo Estadão indica que decisões de ministros da Corte determinaram a retirada de conteúdo de plataformas digitais como Facebook, Instagram, Twitter, Telegram, WhatsApp, Tiktok, Kwai e Gettr, este último muito popular entre adeptos de ideologias de extrema direita por não conter ferramentas de moderação de conteúdo.

No total, foram emitidas 43 decisões que têm como principais alvos publicações realizadas pelas candidaturas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados na disputa eleitoral.

Uma dessas ações em que Lula conseguiu a remoção das notícias falsas compartilhadas por adversários foi contra Flávio Bolsonaro e os deputados federais Otoni de Paula (MDB-RJ) e Hélio Lopes (PL-RJ), que acusaram o PT de manter relações com líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), com o objetivo de aplicar um “golpe milionário” em caso de vitória do candidato petista no próximo dia 30 de outubro. Outra postagem dizia que Lula estava associado ao STF “para matar” Bolsonaro.

Em outra ação, a Federação composta por PT, PCdoB e PV obteve decisão que obrigou a remoção de publicações da senadora Damares com alegações falsas de que os governos de Lula teriam distribuído cartilhas para ensinar os jovens a fumar crack.

Já a campanha de Bolsonaro conseguiu tirar do ar vídeos em que Lula o chama de “genocida”, assim como a propaganda do PT que compila declarações antigas com falas de Bolsonaro sobre tortura, negação da compra de vacinas e a ofensas às mulheres. Na última quinta-feira, 13, o TSE impediu os petistas de usarem vídeo que associa Bolsonaro ao canibalismo. A propaganda petista usava uma entrevista antiga do presidente destacando frases consideradas fora do contexto.

O TSE conta com apenas quatro ministros fixos dedicados ao julgamento das propagandas eleitorais. No início de agosto, o presidente da Corte, Alexandre de Moraes, designou Cármen Lúcia, Maria Claudia Bucchianeri, Raúl Araújo e Paulo Tarso para cuidar desses processos. Além das ações envolvendo fake news, os ministros ainda precisam analisar centenas de pedidos de direito de resposta, acusações de difamação e supostas irregularidades das campanhas.

A advogada Angela Cignachi, da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), destaca que a intervenção judicial não conta com a capacidade de reverter todos os danos causados pelas fake news à imagem do candidato.

“Apesar de essas decisões serem tomadas e haver a determinação de retirada dos conteúdos, nós sabemos que não há meios tecnológicos para tirar aquele vídeo ou conteúdo de todos lugares em que se espalha, o que torna a eficácia dessas medidas bem limitadas. O prejuízo para quem é atingido por uma notícia falsa ou descontextualizada que afete a honra é muito grande”, argumentou Cignachi.

Veja as 43 decisões do TSE

Autor: PDT

– Postagem falando de ações do PCC e citando frases fora do contexto de Ciro Gomes dizendo que Bolsonaro criou uma crise porque mandou os líderes da facção para presídio federal.

– Postagem associando Ciro Gomes ao PCC também usando frases do candidato fora do contexto.

– Postagem de perfil no Instagram de vídeo com montagem da imagem de Ciro Gomes com fundo que remete a agressão de mulheres.

– Postagem feita pelo deputado Eduardo Bolsonaro no Instagram reproduzindo frases fora do contexto de Ciro Gomes para imputar ao candidato declaração contra o catolicismo.

Autor: Coligação de Simone Tebet

– Postagens da coligação de Jair Bolsonaro dizendo que o aposentado deve aproveitar a eleição para fazer “prova de vida” quando votar na urna eletrônica e sugere que para isso basta digitar 22, número de Bolsonaro.

Autor: PSOL

– Pedido para remoção de entrevista de Ciro Gomes em sabatina ao Estadão por difundir informação falsa ao dizer que o partido e outros de oposição são bancados pelo milionário George Soros. Alega que falsidade da informação foi atestada pelo Estadão Verifica.

Autor: PT

– Postagens feitas por deputados federais ligados a Bolsonaro e por perfis em redes sociais acusando o STF de ter liberado a candidatura de Lula apesar de aprovar delação de Marcos Valério associando o PT ao PCC.

Autor: PL

– Postagens de vídeos feitas pelo PT em que Lula chama Bolsonaro de “genocida” e dizendo que ele acabou com o programa habitacional Minha Casa Minha Vida.

Autor: Coligação de Lula

– Publicação feita pela ex-ministra Damares Alves falando de informação sabidamente falsa de que o governo Lula teria produzido uma cartilha para ensinar jovens a usar crack.

– Postagens do deputado Eduardo Bolsonaro em várias redes sociais dizendo que Lula apoio a invasão de igrejas e perseguição a cristãos.

– Postagens de perfis em várias redes sociais sustentando que o PT frauda pesquisas eleitorais para manipular o resultado das eleições.

– Postagens de perfis dizendo que o irmão de Adelio Bispo – condenado por ferir com uma faca Bolsonaro tem foto ao lado de Lula.

– Postagens de perfis em várias redes sociais, entre eles da deputada Carla Zambelli, espalhando informação falsa de que o QR do título de eleitor geraria contagem automática de voto em Lula.

– Postagens disseminando vídeos com informação de que Lula, se eleito, iria acabar com o agronegócio, citando artigo do jornalista J. R. Guzzo, publicado no Gazeta do Povo.

– Postagens de políticos que apoiam Bolsonaro divulgando suposto áudio do ex-deputado Aldo Rebelo dizendo que a culpa pela alta da gasolina foi de Lula e dos governos petistas.

– Postagens em várias redes sociais atribuindo falsamente ao ex-diretor do DataFolha afirmação de que pesquisas são manipuladas para favorecer Lula.

– Postagens de Eduardo Bolsonaro e outros deputados bolsonaristas estaria alcoolizado e participando de atos públicos embriagado.

– Postagens feitas pelo PTB de Sergipe e outros perfis disseminando informação falsa de discurso de Lula dizendo que apoiadores do PT são bandidos e traficantes.

– Postagens de Carlos e Flávio Bolsonaro e outros apoiadores do presidente afirmando que Lula recebeu uma “cola” prévia das perguntas que lhe foram feitas em entrevista no JN da TV Globo em agosto.

– Postagens inventando um encontro entre Lula e Suzane Von Richtofen, condenada por mandar matar os pais.

– Postagens de vários perfis disseminando informação falsa de que institutos de pesquisa como o Ipec funcionando dentro do Instituto Lula.

– Postagens no Tiktok e no Twitter com vídeo colando imagens de diferentes eventos para simular que havia menos público em ato do PT na Paraíba.

– Publicações em redes sociais disseminando informação falsa de que Lula iria comprar votos da Bahia pagando R$ 10 por eleitor.

– Postagens de perfis na rede social afirmando falsamente que Lula está inelegível e não pode disputar a eleição.

– Postagens no Twitter, Telegram e Tiktok de vídeos atribuindo a Lula declaração de que enfermeiro só serve para “servir sopa”.

– Impulsionamento pela coligação de Jair Bolsonaro de propaganda que “promove estados emocionais negativos contra Lula” com difusão de vídeo falando que “o sistema é um inimigo invisível. O sistema te fez acreditar que esse país não tem jeito”, entre outras mensagens.

– Postagens no Twitter e Telegram e Facebook disseminando informação falsa de que Lula e o STF estariam agindo de forma articulada para matar Bolsonaro.

– Postagens de Eduardo Bolsonaro e outros deputados federais divulgando áudio falso com a voz de Lula falando em “acabar” com o ex-ministro da Fazenda nos governos petistas Antonio Palocci.

– Postagens de perfis afirmando que empresário que se negou a dar comida a uma desempregada é eleitor de Lula.

– Postagens de perfis em redes sociais como Tiktok e Kwai de vídeos editados e fora do contexto de frases da presidente do PT, Gleisi Hoffman. A ação cita que a falsidade foi atestada pelo Estadão Verifica.

– Postagens do senador Flávio Bolsonaro e outros perfis afirmando falsamente que Lula roubou um faqueiro de ouro quando deixou a presidência em 2010.

– Postagens de perfis disseminando conteúdo falso que atribui ao governo do Ceará a distribuição de material escolar com conteúdo erótico.

– Postagens feitas pelo senador Flávio Bolsonaro ligando Lula ao PCC e ao crime organizado.

– Postagens do senador Flávio Bolsonaro e outros parlamentares bolsonaristas disseminando que “adoradores do demônio apoiam Lula ” e exibindo o vídeo de um homem que se declara lulista e é satanista.

– Postagens do site Brasil Paralelo e perfis de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro replicando declarações da senadora Mara Gabrilli vinculando o petista Lula ao assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel.

– Postagens de perfil no Instagram vinculando o candidato Lula ao PCC e ao crime organizado.

– Publicações do site Antagonista e compartilhamentos feitos por deputados bolsonaristas de texto que diz que Marcola, integrante do PCC, declarou voto em Lula.

– Postagens da deputada Carla Zambelli e outros perfis bolsonaristas disseminando informação falsa sobre manipulação de urnas eletrônicas no prédio do sindicato dos trabalhadores de Itapeva.

– Postagens do deputado eleito Nikolas Ferreira, e do deputado Eduardo Bolsonaro e outros parlamentares bolsonaristas compartilhando vídeo em que Nikolas afirma que o petista Lula incentiva uso de drogas por crianças e adolescentes; estaria associado e incentivaria a criminalidade; teria a intenção de censurar as redes sociais e as publicações dos usuários; e fecharia igrejas, entre outras.

Autor: Coligação de Jair Bolsonaro

– Postagens no site bolsonaro.com.br afirmando que o presidente Bolsonaro seria uma “ameaça ao Brasil” por ter um plano de “subverter o poder” e de “corrosão das eleições”.

– Divulgação de vídeo feita pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) atribuindo mortes na pandemia a Jair Bolsonaro chamado de “Messias do Apocalipse”.

– Postagens feitas por um site e compartilhada pela coligação de Lula utilizando formato de suposta agência de checagem para dizer apresentar pontos como “Bolsonaro odeia as mulheres”; “A 40 dias das eleições, Bolsonaro conta 40 mentiras em 40 minutos de entrevista.”

– Impulsionamento de propaganda feita pela coligação de Lula dizendo que Bolsonaro “foi um mau militar, foi preso por indisciplina e, mais tarde, processado pelo Exército por planejar jogar bombas em quartéis. Depois virou um deputado omisso que só aprovou dois projetos em 26 anos”. E cita que o presidente é agressivo com mulheres.

Com informações do Terra