Fábio Jesus liderou em 2021, o ranking brasileiro sub-23 nos 5 mil e 10 mil metros rasos. Foi ouro nos 10 mil metros e a prata nos 5 mil metros no Sul-Americano de Atletismo em Guayaquil, no Equador

Em sua terceira participação na São Silvestre, Fábio Jesus Correia conseguiu a quarta posição na corrida. Embora tivesse a meta de estar no pódio, ele se surpreendeu por ter sido o atleta brasileiro mais bem colocado. E conseguiu o feito mesmo com uma rotina que concilia os treinos com o trabalho de coletor de lixo nas ruas de São Paulo.

• Morador do bairro de Itaquera, na zona leste da capital, ele percorre os 35km quase que diariamente nas ruas de Guaianases. E apesar do cansaço, ele diz que há pontos positivos no trabalho de recolher o lixo gerado pelos moradores da metrópole.

“É muito cansativo porque a gente que é atleta precisa muito dormir e descansar. Tenho que treinar e tenho que trabalhar. Eu saio às 20h para trabalhar às segundas. E na terça-feira eu chego em casa às 6h, 7h. Todas as madrugadas, de segunda a sábado. Trinta e cinco quilômetros todos os dias, praticamente”, revelou Fábio ao UOL.

“Ajuda um pouco porque preciso pegar peso e também tenho de dar aquela ‘puxada’ para acompanhar o caminhão. Por outra parte, atrapalha porque a gente precisa de um descanso, precisa descansar bastante. Às vezes eu vou direto para o treino. Aí treino, volto pra casa, almoço e já deito para descansar. Nem curto direito a família”, afirmou Fábio, que é casado e tem um filho de sete anos.

Nascido em Monte Santo, na região do sertão da Bahia, Fábio foi descoberto em 2016, na 8ª Corrida da Paz Troféu Ivanildo Dias, competição promovida por Toninho Carlos, coordenador do projeto Kiatleta, do São Paulo Futebol Clube. Ele então foi trazido para a capital e passou a treinar na pista de atletismo do Morumbi.

Para treinar no estádio do Tricolor, ele leva duas horas para ir e mais duas horas para voltar para casa. “Pego um ônibus até a estação Itaquera, depois pego o metrô e desço na estação São Paulo-Morumbi e vou a pé para o clube. Pelo menos três vezes por semana. Quando faço treinos específicos, fico mais na Zona Leste para não cansar tanto”.

• Em 2021 liderou o ranking brasileiro sub-23 nos 5 mil e 10 mil metros rasos. Ganhou o ouro nos 10 mil metros e a prata nos 5 mil metros no Sul-Americano de Atletismo em Guayaquil, no Equador. Agora, a meta é ousada.

“Tenho o plano de sair da coleta para focar mais no atletismo. Para em 2024 poder ir para a Olimpíada de Paris. Estou bem nos 5 mil e nos 10 mil metros. Quero focar nelas para quem sabe trazer uma medalha”, finalizou.

Com informações do Uol