O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, durante um evento militar em Bogotá - Foto: Luisa Gonzalez / Reuters

Honduras, que ocupa interinamente a presidência da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), convocou uma reunião com urgência para o próximo dia 30. A convocação acontece em meio à crise com os EUA, incentivada pelo discurso contra imigração de Donald Trump.

Texto da presidente de Honduras, Xiomara Castro, diz que a reunião discutirá imigração, meio ambiente e unidade latino-americana e caribenha. O encontro acontecerá de forma híbrida, às 11h (horário de Honduras).

Colômbia, que protagonizou um conflito público com os EUA neste domingo (26) ao recusar dois voos com deportados, confirmou presença. No mesmo comunicado em que confirma a participação, o governo colombiano informa que enviará o avião presidencial para buscar os imigrantes deportados. O Brasil ainda não se posicionou sobre a participação na reunião.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, condenou a tentativa de deportação, sugerindo que ela tratava os imigrantes como criminosos. Em uma publicação no X, ele disse que o país receberia os imigrantes deportados em aviões civis, afirmando que eles deveriam ser tratados com dignidade e respeito. Na última sexta (24), o México também recusou um pedido para permitir que um avião militar dos EUA aterrissasse com migrantes.

O gesto de convocar a reunião foi considerado por diplomatas latino-americanos como um esforço para internacionalizar a resposta à crise. Mas fontes ouvidas pelo UOL indicaram que Petro pode ter dificuldades para conseguir uma declaração conjunta que seja forte e unânime em todo o bloco.

De um lado, alguns países tinham colocado como meta a de não abrir crises diplomáticas com o governo Trump. Outros ainda optaram por se alinhar ao posicionamento da Casa Branca, entre eles o Paraguai.

Antes da posse de Trump, um esforço de coordenar uma resposta regional revelou a divisão no continente. No México, apenas onze países se reuniram para denunciar a criminalização da imigração e alertar contra os riscos da deportação em massa.

Enquanto a Celac é convocada, o governo Trump fará uma forte pressão sobre a região. Marco Rubio escolheu visitar a América Central como seu primeiro destino internacional desde que assumiu a diplomacia de Trump. Ele irá nesta semana ao Panama, Guatemala, El Salvador, Costa Rica e Republica Dominicana. O tema da migração estará no centro da conversa.

Em sua sabatina no Senado, Rubio insinuou que o governo Trump poderia usar armas comerciais para convencer países a cooperar nas deportações.

Retaliação de Trump

Como retaliação, Trump anunciou a proibição de viagens e revogação de vistos para funcionários do governo colombiano. Membros do partido, familiares e apoiadores também são alvo da medida.

O presidente dos EUA também impôs tarifas de emergência de 25% sobre os bens colombianos que entram no país norte-americano. Gustavo Petro rebateu Trump e disse que vai taxar todos os produtos dos EUA que entrarem na Colômbia.

Os comentários de Petro se somam ao crescente coro de descontentamento na América Latina com Trump. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil condenou, na noite de sábado (25), o “tratamento degradante” dos brasileiros depois que imigrantes foram algemados em um voo comercial de deportação. Na chegada, passageiros também relataram agressões físicas durante o voo.

O voo em que 88 brasileiros estavam foi interrompido em Manaus, na noite de sexta-feira (24), após o ar-condicionado do avião falhar. No sábado, os deportados decolaram em uma aeronave da FAB em direção a Confins (MG).

O Itamaraty irá se queixar ao governo Trump pelo tratamento dado aos imigrantes brasileiros em um voo de deportação. A decisão foi tomada depois que o chanceler Mauro Vieira desembarcou em Manaus e conversou com autoridades militares brasileiras para entender os detalhes do que havia ocorrido.

*Com informações de Uol