Um estudo realizado no Amazonas busca validar alternativas e ferramentas inovadoras para a prevenção do câncer de colo de útero, o mais comum entre as mulheres no estado. A pesquisa é coordenada pela Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) e foi uma das escolhidas para o Portfólio de Investimentos e Resultados de Pesquisas do Amazonas, lançado pelo Governo do Amazonas em janeiro.
O documento traz 50 projetos que representam um recorte do amplo número de pesquisas finalizadas, com recursos e incentivo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), no período de 2020 a 2022. O acervo está disponível no site da instituição em www.fapeam.am.gov.br.
O estudo “Inovação em tecnologias para prevenção do câncer de colo de útero” faz parte do doutorado da professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Suzana Nunes, e é coordenado pela diretora de Ensino e Pesquisa (DEP) da FCecon, Kátia Luz Torres.
O objetivo é validar alternativas e ferramentas inovadoras para a prevenção do câncer de colo de útero, que permitam a expansão da cobertura e detecção da presença de marcadores associados a lesões precursoras desse câncer.
O projeto é financiado pelo Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), do Ministério da Saúde/Decit, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fapeam. Na FCecon, o estudo está inserido no Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic), pela estudante Joicy Oliveira.
Autocoleta
Segundo Suzana Nunes, um dispositivo nacional de autocoleta de amostras cervicovaginais foi utilizado por mulheres da Comunidade do Pau Rosa, localizada na área rural de Manaus.
“Essas amostras foram encaminhadas e analisadas no laboratório de biologia molecular da FCecon, para detecção de HPV (Papilomavírus Humano) de alto risco para o câncer do colo do útero. Participaram do estudo 304 mulheres entre 25 a 64 anos, moradoras da comunidade”, disse a doutoranda.
As coletas contaram com instituições parceiras, como agentes de saúde da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa Manaus), especialmente a equipe de Estratégia Saúde da Família da Unidade Básica de Saúde (UBS) Rural do Pau Rosa, faculdades Fametro e Estácio, Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMT/USP) e pesquisadores da FCecon.
Rastreio
Segundo a doutoranda, a estratégia de autocoleta consegue de fato alcançar as mulheres na faixa etária alvo de 25 a 64 anos, especialmente aquelas em áreas distantes e de difícil acesso. Por motivos culturais e religiosos, muitas não aderem à estratégia de rastreio por meio do exame citopatológico (Papanicolau) do colo do útero.
“Portanto, o estudo aponta que a estratégia de autocoleta para detecção do HPV de alto risco pode contribuir, de forma significativa, na prevenção do câncer de colo de útero, em mulheres em áreas de difícil acesso”, destaca Suzana Nunes.
Todos os laudos dos testes de HPV foram entregues à UBS para acompanhamento das mulheres.
Relevância
Para Kátia Torres, a publicação da pesquisa no portfólio da Fapeam mostra a relevância do estudo, na busca por novos métodos de rastreio e prevenção do câncer do colo do útero no Amazonas.
“Desenvolvemos este estudo com o apoio financeiro da Fapeam e temos a felicidade de termos sido contemplados no portfólio. Reforça a importância dos estudos acerca de novas estratégias de rastreio e triagem, baseadas em testes de HPV para o câncer de colo uterino, o mais incidente entre as mulheres do Amazonas”, disse Torres.