No Brasil, a cada 40 minutos, um homem morre vítima do câncer de próstata, apesar de a doença ter grandes chances de cura quando diagnosticada cedo, explica o cirurgião uro-oncologista da Urocentro Manaus, Giuseppe Figliuolo. Presidente da seccional do Amazonas, da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o especialista destaca que a campanha Novembro Azul, voltada à conscientização da população masculina sobre a importância de se priorizar a saúde, tem papel fundamental para a redução da mortalidade pela neoplasia maligna, combatendo o preconceito e alertando para seus fatores de risco. Entre eles, a desinformação.
Doutor em Saúde Pública, Figliuolo explica que, um em cada sete homens desenvolverá o câncer de próstata, por fatores variados, como a obesidade, hereditariedade (quando há casos de câncer na família), tabagismo, envelhecimento, entre outros. “A falta de prioridade com a saúde, o machismo, medo de sentir dor, a síndrome do super-herói, a desorganização e o desconhecimento, acabam resultando na descoberta tardia do câncer em grande parte dos pacientes, alimentando a estatística de mortes pela doença. A regra na oncologia é: quanto mais tarde a doença é diagnosticada, menores são as chances de cura. Em contrapartida, quando detectada precocemente, as chances de sucesso no tratamento são elevadas para até 90%”, explica.
Homens vivem menos que as mulheres
Ele destaca que uma pesquisa recente da SBU revelou que os homens vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres. Entre os fatores que contribuem para essa realidade, está a falta de cuidados com a saúde. “Metade dos homens acima de 40 anos, nunca fez o exame de PSA. Além disso, 2/3 nunca fizeram o toque retal. Os dois exames juntos são essenciais para detectar as alterações sugestivas ao câncer de próstata”, frisou.
De acordo com Figliuolo, o preconceito com a ida ao urologista deve ser combatido desde cedo. “Enquanto a menina é estimulada a ir à ginecologista desde a primeira menstruação, com o menino, não há esse estímulo para ir ao urologista. Existe um movimento da SBU, para estimular os adolescentes a conversar sobre a saúde, a partir da campanha ‘Vem pro Uro’. Eu atendo, hoje em dia, indivíduos jovens no consultório, para tirar dúvidas sobre o desenvolvimento sexual, fimose, puberdade, etc. Mas, a presença dessa parcela da população ainda é tímida nos consultórios e está longe de ser o ideal”, comentou.
O especialista explica que o câncer de próstata está entre as alterações que mais matam homens no Brasil, acompanhada das doenças cardiovasculares. “A ida ao urologista também pode ajudar a tratar outras alterações que, se negligenciadas, podem ter consequências secundárias importantes, como o isolamento social e a depressão”, assegurou. Entre elas, estão: Hiperplasia Prostática Benigna (HPB), prostatites, pedra nos rins, alterações hormonais, incontinência urinária, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e a disfunção erétil. “Metade dos homens com 40 anos ou mais já têm alguma queixa que o urologista pode ajudar a resolver”, disse.
A SBU recomenda a visita ao urologista a partir dos 50 anos, para o rastreio do câncer de próstata, para a população em geral. As exceções são para homens negros e com casos de câncer na família, que precisam iniciar a investigação mais cedo, aos 45 anos. “Lembrando que o câncer de próstata, em estágio inicial, não provoca sintomas. Por isso, é tão importante a avaliação clínica, que pode detectar a suspeita da doença antes mesmo de qualquer incômodo”, disse Figliuolo.
Novembro Azul
O ‘Novembro Azul’ teve início em 2003, na Austrália. No Brasil, a campanha ganhou força nos últimos anos, com o apoio de organizações públicas e privadas. Entre as marcas registradas do movimento, está a iluminação de prédios públicos com a cor azul, alusiva à causa.
Coordenada no Brasil pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o movimento adotou como tema, em 2023, ‘Saúde também é papo de homem’. Só em 2023, mais de 71 mil novos casos de câncer de próstata devem ser diagnosticados no Brasil, sendo 570 no Amazonas, conforme o Instituto Nacional do Câncer (INCA), subordinado ao Ministério da Saúde.
Com informações da assessoria