Novelinhas produzidas na internet brasileira têm perfil mais amador e são adoradas pelo público (Foto: Divulgação / Kwai)

Um improvável produto cultural, as novelas com capítulos que duram apenas 1 minuto se tornaram um hit na internet chinesa, com reflexos na produção e consumo de conteúdo no Brasil.

Desenvolvidas de forma pioneira pelo Kwai, aplicativo rival do TikTok, as novelinhas cujo roteiro é quebrado em esquetes de poucos segundos atraíram tanta audiência e patrocínio que são apontadas, em relatório financeiro, como o fator responsável pela virada nos negócios do Kwaishow, empresa que controla o app Kwai.

Há um ano, a empresa anotou prejuízo de US$ 600 milhões no primeiro trimestre. Agora, em igual período, o resultado é positivo, pela primeira vez desde 2021, quando a empresa passou a publicar balanços públicos. Neste ano, o saldo foi positivo em US$ 6 milhões.

Apenas uma das novelinhas em vídeo curto, chamada de “Donglan Snow” soma 100 milhões de usuários únicos acompanhando seus capítulos.

O volume de anúncios patrocinando estas séries cresceu 300% de 2022 para 2023, mostra o relatório. Novelas exibidas na TV não têm atingido esta média de audiência, aponta o mesmo relatório.

No Brasil, o formato é um fenômeno também, com dramas caracterizados por atuações fortemente amadoras e, ao mesmo tempo, adoradas pelo público. O canal de dramas curtos “Momentos de Inspiração”, por exemplo, soma 650 mil seguidores.

O relatório financeiro da Kwaishow aponta, ainda, outra tendência: as vendas ao vivo dentro de plataformas de vídeos curtos. Segundo o documento, 10% da receita da empresa já vem do “live commerce”, modalidade em que apresentadores (chamados de streamers) exibem produtos que podem ser comprados com um clique dentro da live.

O modelo é um sucesso estrondoso na China e responde por 20% de todas as vendas do comércio eletrônico no país.

O Brasil é um dos poucos países no mundo em que o Kwai oferece live commerce, além da China e Indonésia.

O TikTok, app líder em vídeos curtos, permite vendas dentro de sua plataforma em alguns mercados do mundo, como a China (onde é chamado de Douyin) e no Reino Unido, mas não no Brasil. Ainda.

Com informações do Uol