O presidente Lula (PT) afirmou hoje que não vai ligar para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para falar sobre o tarifaço, que entra em vigor amanhã, porque o norte-americano não estaria interessado.
“Ele não quer falar”, disse Lula, durante discurso no Itamaraty. O governo brasileiro tem tentado uma aproximação com o norte-americano e se deixou aberto a uma conversa entre os dois, mas não houve avanço pelo lado de Washington.
O Itamaraty justifica que a ligação é um processo diplomático. Membros das Relações Exteriores dizem que a ligação só ocorre com horário marcado e concordância dos dois lados —logo, caso o norte-americano não indique interesse na ligação, o processo nem é iniciado do lado brasileiro.
Lula disse, no entanto, que deve falar com Trump sobre a COP30, marcada para novembro, em Belém. “Vou ligar para convidá-lo para vir para COP porque quero saber o que ele pensa da questão climática. Vou ter a gentileza de ligar. Vou ligar para ele, para [o presidente chinês] Xi Jinping, para o primeiro-ministro [indiano Narendra] Modi.”
Pouco antes, Lula reclamou da preocupação do país com o Pix. “Qual é a preocupação deles? É que, se o Pix tomar conta do mundo, os cartões de crédito irão desaparecer —e é isso que está por detrás dessa loucura contra o Brasil”, afirmou o presidente, sem citar empresas específicas.
Negociações sobre tarifaço
O governo federal estima que 35,9% das exportações brasileiras para os Estados Unidos serão impactadas pelo tarifaço. Isso representa que um total de US$ 14,5 bilhões em vendas externas de produtos brasileiros para o mercado americano passará a ser taxado em 50%.
Ficarão fora da nova taxação 44,6% dos produtos vendidos para os EUA. A fatia corresponde, segundo a governo, a US$ 18 bilhões, levando em conta as vendas do ano passado. A lista de exceções tem 694 itens, incluindo suco de laranja, madeira e derivados de petróleo. Número está próximo ao que havia sido estimado pela Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), de 43,4%.
Mais cedo, o chanceler Mauro Vieira destacou o avanço das negociações. “As tratativas empreendidas pelo governo foram fundamentais para a exclusão de cerca de 700 itens comerciais da ordem executiva sob tarifas, o que preservou setores estratégicos como a indústria de aviões, a produção de sucos de laranja e o setor de celulose”, disse.
