Na cidade de São Paulo , 1,4 milhão de pessoas passam fome, segundo o 1° Inquérito Sobre a Situação Alimentar. Esse número é maior que toda a população de Porto Alegre que possui 1.389.322 pessoas, segundo estimativas de 2024 do IBGE .
O estudo também aponta que 5,8 milhões de habitantes de São Paulo vivem em residências com “algum grau de insegurança alimentar , ou seja, sem acesso regular e permanente aos alimentos de que necessitam”.
O documento mostra que pessoas que possuem insegurança alimentar grave são as que passam fome devido a falta de dinheiro para comprar comida. Já quem vive em insegurança alimentar moderada enfrenta redução quantitativa de alimentos. Por fim, o grupo de pessoas em insegurança alimentar leve tem a preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro próximo.
O relatório foi produzido pelo Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de São Paulo em parceria com Observatório de Segurança Alimentar e Nutricional da Cidade de São Paulo e pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo e da Universidade Federal do ABC.
A pesquisa aponta que “em 65,5% dos domicílios com insegurança alimentar grave, a aquisição de alimentos é comprometida para priorizar o pagamento de contas”.
Além disso, destaca-se que 68,3% das famílias que estão em condição grave de insegurança alimentar não recebem auxílio do Bolsa Família ou qualquer outro programa de transferência de renda.
A falta de assistência atinge um grupo substancial da população, o que contribui para a permanência da fome em muitas residências, conforme as informações são colocadas no documento.
O relatório também revela que “73,6% dos domicílios em situação de insegurança alimentar grave estão localizados em habitações improvisadas e ocupações”. Isso evidencia uma ligação direta entre condições precárias de moradia e a dificuldade de acesso a alimentos.
Os dados sugerem que as pessoas em situações habitacionais instáveis enfrentam maiores desafios para garantir uma alimentação adequada para suas famílias.
A pesquisa levanta ainda outro ponto importante: mesmo entre os domicílios que não estão em habitações improvisadas, há uma alta prevalência de insegurança alimentar moderada e grave.
“Mais de 1,6 milhão de lares no estado de São Paulo vivem algum nível de insegurança alimentar”, aponta o relatório.
“O presente relatório, com os primeiros resultados do I Inquérito sobre a Situação Alimentar no Município de São Paulo, traz elementos para que possamos nos contrapor às representações da fome como um fenômeno pontual, restrito, transitório ou atípico. Ao mesmo tempo, ele serve de referência para a ação de todos aqueles que estão comprometidos com a superação da crise alimentar e com a erradicação da fome e de todas as formas de insegurança alimentar”, pontua o documento ao mostrar os dados sobre insegurança alimentar.
Situação crítica
O relatório ressalta que a insegurança alimentar grave é especialmente prevalente em regiões de baixa renda, onde o suporte governamental não consegue alcançar uma parcela da população.
Um dos fatores determinantes apontados no documento é a falta de acesso a programas de distribuição de alimentos, somada à fragilidade de redes de apoio social em diversas regiões.
Entre os grupos mais impactados, o relatório menciona “famílias com crianças, mulheres chefes de família e idosos”, que estão em situação de maior vulnerabilidade alimentar.
Além disso, pessoas desempregadas ou em empregos informais enfrentam desafios adicionais para garantir uma alimentação adequada.
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