Foto: Reuters / Aly Song

A indicação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para disputar a Presidência da República na eleição do ano que vem provocou a maior queda na Bolsa de Valores brasileira desde 22 de fevereiro de 2021, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou o general Joaquim Silva e Luna para assumir o cargo de presidente da Petrobras.

Naquela data, a Bolsa despencou 4,87%. O anúncio, feito na sexta-feira (19) após o fechamento do mercado, repercutiu na seguda, assim que ele abriu. Na ocasião, o Ibovespa recuou a 112 pontos. O temor era de que Silva e Luna interviesse nos preços dos combustíveis ao assumir o cargo.

A queda de hoje e a daquele ano foram as únicas a ultrapassarem quatro pontos percentuais desde janeiro de 2021. Quase todos os recuos ocorreram durante a pandemia de covid-19.

Maiores quedas do Ibovespa desde janeiro de 2021:

  1. 22/02/2021: -4.87%

  2. 05/12/2025: -4.31%

  3. 08/03/2021: -3.98%

  4. 08/09/2021: -3.78%

  5. 26/11/2021: -3.39%

  6. 10/11/2022: -3.35%

  7. 19/10/2021: -3.28%

  8. 24/10/2022: -3.27%

  9. 29/01/2021: -3.21%

  10. 18/12/2024: -3.15%

A data mais recente da lista foi há quase um ano. No dia 18 de dezembro de 2024, o índice despencou 3,15% porque o mercado financeiro reagiu com pessimismo à possibilidade de o Congresso não aprovar as medidas de ajuste fiscal propostas pelo governo, o que poderia aumentar a dívida pública.

Quedas históricas

A maior queda da história do Ibovespa foi em 21 de março de 1990. O recuo de 22,2% ocorreu após a divulgação do Plano Collor. Outro tombo histórico foi em 16 de março de 2020, quando o índice despencou 13,9% diante do pânico do mercado com a pandemia de covid-19.

O Ibovespa já paralisou suas atividades por 30 minutos em 19 ocasiões. Outras quatro interrupções duraram uma hora. Isso ocorre quando a Bolsa cai mais de 15% mesmo depois da primeira meia hora de paralisação.

Mercado teme direita rachada

O mercado financeiro não reagiu bem à indicação de Flávio à corrida presidencial. “A notícia foi mal recebida pelo mercado porque isso divide a oposição ao presidente Lula [PT]”, diz Rubens Cittadin Neto, especialista em renda variável da Manchester Investimentos.

Além de desarticular uma aliança ampla em favor da direita, a indicação pode ajudar na reeleição de Lula (PT). “Com isso as chances de Lula para 2026 sobem substancialmente”, afirma Fernando Bergallo, diretor da assessoria FB Capital, ao admitir ter havido um “movimento agudo especulativo” na sessão de hoje.

“Hoje o juro restritivo de 15% [da taxa Selic] se deve ao fiscal mais expansionista [do governo]. A expectativa é de que a oposição traga um fiscal com mais austeridade. Então, quando ocorre um movimento que divide a oposição, e enfraquece o lado político que pode trazer a austeridade fiscal, o mercado acaba precificando muito mal.” afirmou Rubens Cittadin Neto, da Manchester Investimentos

O tombo de ontem

O anúncio reverteu imediatamente parte dos ganhos da Bolsa nesta semana. Quinta-feira (4), o índice havia atingido seu recorde histórico ao ultrapassar a marca de 164 mil pontos. No início da tarde de hoje, antes do anúncio, ele chegou a subir a 165.023 pontos.

Tudo mudou após a informação de que o ex-presidente indicou o filho para disputar a Presidência no ano que vem. Pouco depois das 13h, o Ibovespa começou a recuar rapidamente, tendência acentuada no meio da tarde. No fim do dia, o índice fechou em queda de 4,31%, aos 157.369 pontos, recuo de 7.086 pontos em relação ao fechamento do dia anterior.

*Com informações de Uol