(Foto: Divulgação/Hospital São Luiz)

O Haiti está enfrentando o ressurgimento da cólera, doença que matou mais de 10 mil pessoas na última década, mas foi considerada erradicada em fevereiro, após três anos sem o país registrar nenhum caso.

“Até poucos dias atrás, o aumento dos casos de cólera era progressivo, mas agora vemos um aumento claro preocupante, então a situação se complica”, afirmou a coordenadora humanitária da ONU no Haiti, Ulrika Richardson.

O número de casos suspeitos passou de mil para 2 mil entre 20 e 23 de outubro, com as crianças menores de 14 anos representando cerca de metade do total, segundo dados do Ministério da Saúde do Haiti e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Até 17 de outubro, o país havia confirmado 66 casos da doença, além de outros 564 suspeitos e um total de 22 mortos.

O cólera é normalmente transmitido pela água contaminada com as fezes de uma pessoa doente. A enfermidade foi introduzida no país pelas forças de manutenção da paz da ONU, em 2010, depois que os capacetes azuis despejaram dejetos humanos no Rio Artibonite, o maior do país.

A atual escassez de combustível é um agravante da crise, pois dificulta o transporte de água potável e a locomoção de equipes médicas e pacientes.

Desde setembro, o terminal petrolífero de Varreux, o mais importante do país, permanece bloqueado por gangues armadas, depois do anúncio do primeiro-ministro Ariel Henry de que o Estado não tinha mais recursos para manter os subsídios aos preços dos combustíveis, o que levou a um reajuste de cerca de 50%.

Esse aumento praticamente impediu que boa parte dos haitianos pudesse comprar gasolina, querosene ou diesel.

Diante da situação, grupos criminosos passaram a dominar áreas inteiras do país. Desde o início do ano, cerca de 500 pessoas morreram em conflitos entre gangues, que também obrigaram milhares de moradores de áreas conflagradas a fugirem de casa.

*Com iG