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Pesquisa afirma que, por mais que seja destrutiva quando mal-intencionada, fofoca com boas intenções pode trazer consequências positivas

“Quando Pedro me fala de Paulo, sei mais de Pedro do que de Paulo”. A frase, que já se tornou quase um ditado popular, é usada para definir o ato de fazer fofoca. No entanto, a prática que é parte dos hábitos da espécie humana pode ser, na verdade, benéfica tanto para o autor, quanto para quem é alvo dela, caso esteja acompanhada de boas intenções.

Um estudo da Universidade Estadual de Washington, recém-publicado no Journal of Evolution and Human Behavior, analisa como os efeitos da fofoca podem gerar ganhos na vida pessoal e profissional de quem cultiva o hábito. A pesquisa, no entanto, manteve o foco em comentários positivos ou até críticos, mas bem-intencionados. Nos casos analisados, nenhuma pessoa foi depreciada, atacada ou humilhada.

Nesses casos, os fofoqueiros viam crescer as chances de ganhos palpáveis: receberam mais informações das pessoas ao seu redor e estreitaram relacionamentos na vida pessoal e no ambiente de trabalho. As mudanças, a longo prazo, se converteram em melhorias no trabalho, como promoções, aumento e expansão da rede de contatos.

De acordo com a pesquisa, o fofoqueiro, ao ressaltar pontos positivos sobre uma terceira pessoa, passa a ser visto como alguém honesto e de boa índole. O estudo, que analisou amostras nos Estados Unidos, na Índia e em países africanos, chegou à mesma conclusão ao observar as mais diversas culturas.

A fofoca do bem, em muitos dos casos, é responsável por solidificar os laços entre os fofoqueiros e seus confidentes. Nessa relação, surge um ambiente de cooperação, parceria e até de amizade. Em uma pesquisa publicada pela revista Nature, cientistas holandeses afirmam que a fofoca funciona como uma ferramenta barata de cooperação, mas que só tem esse efeito quando não é movida pelo desejo de prejudicar o próximo. Os comentários mal-intencionados têm o efeito contrário, manchando a reputação do fofoqueiro.

A fofoca ‘do mal’

Segundo os especialistas, há evidências de que o ato de espalhar segredos, mentiras ou até criar intrigas sobre outras pessoas envolve uma satisfação pessoal. Para o próprio Freud, dono da tão famosa frase, falar de alguém pelas costas seria uma forma de satisfazer impulsos agressivos represados e de trazer alívio temporário a tensões internas.

A origem da fofoca

Estudos sobre a origem da humanidade apontam que a fofoca foi um dos fatores principais para estabelecer uma linguagem comum entre povos há cerca de 70 mil anos. Durante a chamada revolução cognitiva, o ato de comentar sobre a vida alheia foi vital para a própria sobrevivência em um ambiente inóspito. Era importante que informações fluíssem entre membros do bando, para que fosse possível separar quem eram os integrantes confiáveis dos trapaceiros.

Com informações de O Globo