(Foto: Divulgação/Semsa)

O Distrito de Saúde (Disa) Rural, da Prefeitura de Manaus, promoveu na sexta-feira (16), no Complexo de Saúde Oeste, no bairro da Paz, zona Oeste da capital, um treinamento direcionado para gestores de escolas da zona rural, com abordagem para o combate à subnotificação de casos de violência autoprovocada e sobre prevenção ao suicídio, incluindo a apresentação da Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio.

A gerente de Atenção à Saúde do Disa Rural, Janiete Barbosa, explicou que a ação também foi promovida em alusão ao “Setembro Amarelo”, campanha de prevenção ao suicídio, fortalecendo a parceria com a Divisão Distrital Zona (DDZ) Rural e a integração das ações educação e saúde, tendo como objetivo estabelecer uma rede solidária que ajude na identificação de situações de risco envolvendo estudantes.

“É importante a união da área da saúde e de educação para que se possa fortalecer a identificação e notificação de situações de violência, casos de automutilação e de pensamentos suicidas envolvendo crianças e adolescentes. Infelizmente, podemos perceber o crescimento de casos de automutilação, principalmente na faixa etária a partir de 11 anos, com situações que podem culminar no suicídio”, alertou a gerente.

O Disa Rural, segundo informou Janiete Barbosa, tem procurado trabalhar a prevenção por meio do Programa Saúde na Escola (PSE) e do setor de Educação em Saúde. “E a parceria com o DDZ Rural, gestores e professores das escolas é essencial, porque eles têm contato direto com as crianças e adolescentes”, destacou.

Durante o treinamento, os representantes das escolas foram orientados sobre o preenchimento da ficha de notificação de violências, instrumento do Ministério da Saúde para a consolidação das informações. “A notificação é uma forma de consolidar os dados, identificar o número real de casos, verificar se há aumento de casos e onde eles estão ocorrendo. São informações essenciais para que seja possível planejar ações de prevenção”, afirmou Janiete.

As fichas de notificação podem ser preenchidas por profissionais das escolas e encaminhadas para uma unidade de saúde, que direciona ao Conselho Tutelar para a intervenção de acordo com a necessidade do caso e também encaminha para o atendimento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps).

Foram convidados para o treinamento representantes de 18 escolas, sendo 15 integradas ao PSE, localizadas na área rural Terrestre e Fluvial. Segundo a técnica responsável pelo PSE/DDZ Rural, Mauricélia Azevedo, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) também desenvolve ações como esta para a comunidade escolar, mas é importante intensificar a sensibilização sobre o tema, considerando que há identificação nas escolas de casos de automutilação, que são acompanhados pela equipe multidisciplinar do Centro Municipal Sociopsicopedagógicos (Cemasp).

“É importante intensificar o trabalho da notificação na comunidade escolar e sensibilizar sobre as questões de violência. E o gestor da escola vai poder repassar as orientações do treinamento para os outros professores”, concluiu Mauricélia.

Para o diretor da escola municipal Abílio Alencar, localizada no km 35 da Rodovia AM–010, Tamilton Azevedo da Costa, que participou do treinamento, todos os profissionais da educação devem receber esse tipo de formação.

“É um tema muito importante, principalmente no pós-pandemia da Covid-19, que potencializou muitas situações de conflito. Neste mês de setembro, temos intensificado as ações e realizado palestras com o apoio de psicólogos na escola duas vezes na semana, abordando a prevenção ao suicídio e a automutilação”, afirmou.

Definida como qualquer comportamento intencional envolvendo agressão direta ao próprio corpo sem intenção consciente de suicídio, a automutilação é considerada um fator de risco para o suicídio. É necessário ficar atento para situações em que a pessoa apresente lesões que nunca cicatrizam, como mordidas, manchas, arranhões, falta de cabelo em locais específicos da cabeça e queimaduras sem explicação. Em muitos casos, as lesões ficam em locais escondidos, nem sempre são nos braços ou pernas.