O "PL anti-Oruam", tramita na Câmara Municipal de São Paulo e tem nome em referência ao rapper do RJ, filho de Marcinho VP, um dos líderes do Comando Vermelho (Foto: Reprodução / Redes sociais)
Vereadores de 12 capitais, deputados estaduais e federais e um senador apresentaram projetos de lei para proibir a apresentação de artistas que façam apologia ao consumo de drogas e ao crime organizado em eventos promovidos pelo poder público.
Cantores de rap e funk têm sido citados como alvos principais da ofensiva. O movimento surgiu a partir de um projeto de lei protocolado pela vereadora Amanda Vettorazzo (União Brasil) na Câmara Municipal de São Paulo. A proposta foi batizada de “PL anti-Oruam”, em referência ao rapper do Rio de Janeiro. Ele é filho de Marcinho VP, líder do Comando Vermelho preso em 2009. A parlamentar convidou ele e o funkeiro MC Poze do Rodo para debater o projeto na Casa.
Pelo menos 12 capitais já têm projetos parecidos, a maioria apresentada por vereadores do União Brasil e do PL. Além da capital paulista, a proposta foi protocolada em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Campo Grande, Fortaleza, Curitiba, Vitória, João Pessoa, Porto Alegre, Cuiabá, Porto Velho e Natal.
Proposta apresentada pelos parlamentares é inconstitucional por aplicar censura prévia, afirma advogado. “É inconstitucional você preventivamente deixar de contratar um artista com a suposição de que uma ou outra música dele pode fazer apologia ao crime”, diz Danilo Cymrot, doutor em Direito pela USP e autor do livro “O funk na batida: Baile, rua e parlamento”.
Vettorazzo criou um site com o nome e fotos de Oruam para incentivar vereadores a protocolar o projeto em outras cidades. Apesar de não citar nenhum gênero musical no texto, ela já disse que as músicas de Oruam “abriram as porteiras para que rappers e funkeiros começassem a produzir músicas endeusando criminosos e líderes de facções”. Procurado, o cantor não se manifestou até a publicação desta reportagem.
População está cobrando que vereadores protocolem projeto em suas cidades, diz a parlamentar da Câmara de São Paulo. “O vereador cobrava: ‘Posso protocolar? Onde está o projeto?’ A gente recebeu muita ligação nesse sentido. Agora, o que a gente sente é que muito município está cobrando vereador”, conta Vettorazzo.
No Congresso
Projeto também chegou ao Congresso na semana passada. O deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP), que é coordenador do MBL (Movimento Brasil Livre) ao lado de Amanda Vetorazzo, apresentou o texto na Câmara. Outros 46 deputados assinaram. No Senado, a iniciativa foi do senador Cleitinho (Republicanos-MG).
Kataguiri alega que Oruam é “uma figura emblemática que promove o crime em seus shows”. Ele também afirma que recebeu ameaças de seguidores do cantor, assim como Amanda Vettorazzo, que registrou um BO contra o artista.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos/PB), encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (9), comunicado sobre a decisão da Casa...