O Centro de Saúde Indígena fará atendimento a 100 pacientes por dia com a coordenação do Ministério da Saúde e colaboração da Força Nacional do SUS, da Fiocruz, Unicef e Expedicionários da Saúde

Maioria dos indígenas apresenta quadro de desnutrição, pneumonia e malária. Mais de 700 foram transportados por aviões para tratamento médico em Boa Vista.

Os yanomami ganharam um Centro de Referência em Saúde Indígena três meses após o início da operação de ajuda humanitária.

A unidade foi montada na região de Surucucu, a 270 km de Boa Vista. O espaço tem ambulatório, sala de acolhimento, triagem, consultórios, farmácia e salas de estabilização. A ideia é reduzir as remoções de pacientes para a capital. Mais de 700 foram transportados por aviões para tratamento médico em Boa Vista.

“Para a gente trazer mais dignidade ao povo Yanomami. É um centro de referência, é um equipamento que foi pensado exatamente nesse tipo de ação para dentro do território”, diz o Weibe Tapeba, secretário especial de Saúde Indígena.

No primeiro dia de funcionamento, o centro chegou quase ao limite da ocupação. São indígenas com desnutrição, pneumonia e malária.

“O surto de malária está enorme, e a saúde alimentar está em péssimas condições. Ontem, tinha, 110 pacientes sendo atendidos aqui”, afirma Ricardo Affonso, presidente do Expedicionários da Saúde.

A capacidade é de 100 pacientes por dia. O Ministério da Saúde coordena o Centro de Referência com a colaboração da Força Nacional do SUS, da Fiocruz, Unicef e Expedicionários da Saúde.

A unidade substitui o hospital de campanha da Força Aérea Brasileira, montado em Boa Vista. O objetivo é atender cerca de 2,7 mil pessoas que estão distribuídas por 46 aldeias, e ainda indígenas de outros cinco polos de saúde que ficam dentro da reserva. Nas palavras das lideranças indígenas, o cuidar da saúde caminha junto com o cuidar da terra.

“A nossa terra-mãe é única. Os não-indígenas usam máquina pesada que mordeu a nossa alma do rio, mordeu nossa terra-mãe, feriu, sujou a água, contaminou, matou e peixe”, afirma o líder indígena Davi Kopenawa.

Recuperar os estragos provocados pelo garimpo ilegal à saúde e ao meio ambiente é um trabalho que só está começando.

“Nós temos que trabalhar na desintrusão, que aos poucos está acontecendo. Hoje o espaço aéreo está fechado, hoje tem gente já saindo da terra indígena, e a gente sabe que ainda vai ter que trabalhar muito para recuperar além da terra-mãe, mas também recuperar a saúde”, diz Joênia Wapichana, presidente da Funai.

Com informações do Fantástico