Motivo da renúncia, segundo pesquisadores, foi a entrevista da presidente da Capes, Cláudia Queda de Toledo (Foto: Divulgação)

Mais um grupo de pesquisadores da Capes, autarquia do Ministério da Educação responsável pela avaliação dos programas de mestrado e doutorado do país, pediu renúncia coletiva. Desta vez, foram três coordenadores, e 21 consultores ligados à coordenação da área de Zootecnia e Recursos Pesqueiros.

Em carta, o grupo revelou que a gota d’água para a renúncia foi a entrevista da presidente da Capes, Cláudia Queda de Toledo, ao jornal O Globo. Segundo ela, as demissões coletivas são “insurgência” e “deserção”.

Como resposta, o grupo afirma que a Coordenação da Área de Zootecnia e Recursos Pesqueiros e seu corpo de consultores “se insurgem contra esta ocupação de nosso precioso tempo com discussões e ataques improdutivos”.

Também afirma que trabalham “extensivamente e arduamente” em benefício da pós-graduação brasileira e que isto precisa ser respeitado e fortalecido.

“Entendemos que a renúncia é sim um sinal de insurgência, pois temos opinião contrária a esta forma de relação com as Coordenações de Área e os Colegiados, que se estabeleceu na Capes. Contudo, não significa que ‘desertamos’, pelo contrário, entendemos que estamos assim sendo coerentes com nossos princípios do que entendemos ser um clima favorável ao trabalho, especialmente o da avaliação quadrienal”, afirmam.

Com isso, já são 138 os pesquisadores que se afastaram da Capes com críticas à presidência do órgão, Claudia Mansani Queda de Toledo.

Em nota, a Capes afirma que “vê com surpresa a renúncia de pesquisadores ligados à coordenação da área de Zootecnia e Recursos Pesqueiros, sobretudo porque todas as demandas apresentadas foram atendidas pela presidência da Fundação”.

Na última segunda-feira, o Conselho Superior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) manifestou apoio à presidência da instituição.

No texto, o conselho defende a unidade do órgão e afirma que a instituição é “exemplo de gestão participativa”. O colegiado tem entre suas atribuições estabelecer as diretrizes da Capes e é composto por representantes da comunidade acadêmica, membros do Conselho Técnico-Científico (CTC) da própria instituição, do Ministério da Educação (MEC), entre outros.

Já houve demissões coletivas nas áreas de Física, Matemática, Química e Engenharias com pesquisadores renunciando de suas atividades de avaliação com críticas à presidência do órgão.

Segundo eles, não houve defesa contundente da retomada da avaliação por parte da presidência da Capes. O processo avaliativo chegou a ser suspenso pela Justiça em setembro, mas foi retomado dias após as renúncias. A decisão judicial, no entanto, manteve proibida a divulgação de resultados. A saída dos pesquisadores gerou tensões internas na instituição. Entre outros pontos, a presidente da Capes, Cláudia Toledo, foi acusada de não dialogar com os pesquisadores da instituição.

(iG)