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Exames PSA indicam anomalias que ajudam no diagnóstico do tumor; procura foi apenas 7% mais alta

Em meio ao Novembro Azul, mês em que campanhas direcionam o olhar para a saúde do homem, dados de um levantamento inédito da Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil, mostram um aumento na procura por testes que ajudam a diagnosticar o câncer de próstata, assim como de resultados que apresentam alterações.

Os números, obtidos com exclusividade pelo GLOBO, apontam que, de janeiro a outubro deste ano, foram realizados 7% mais exames PSA nas mil unidades diagnósticas da Dasa do que o registrado no mesmo período do ano passado. Os resultados com anomalias, porém, cresceram mais: 23%.

O dado diz respeito ao exame PSA que, junto ao toque retal, indicam ao médico se há uma alteração que precise ser investigada pela possibilidade de significar um câncer.

Enquanto o toque permite a identificação de alterações físicas na próstata, como uma textura diferente ou um inchaço, o PSA mede os níveis da enzima de mesmo nome no sangue. Ela é produzida naturalmente mas, em pacientes com câncer de próstata, tende a estar elevada.

As anomalias nos exames não indicam necessariamente um diagnóstico de câncer – o PSA pode estar aumentado em indivíduos saudáveis. Mas ajudam o médico a avaliar se é necessária uma biópsia, procedimento em que é retirado um pequeno fragmento do órgão para ser investigado em laboratório.

Para Felipe Kitamura, diretor de Inovação Aplicada e Inteligência Artificial da Dasa, o aumento dos resultados alterados pode ser associado ao maior volume de testes, junto ao uso de IA na análise dos resultados.

Ele explica que a rede passou a usar tecnologias de processamento de linguagem aplicadas aos laudos, o que leva a uma maior eficiência na hora de mapear aqueles que apresentam alterações.

“Nós temos um algoritmo de IA que rastreia na base de dados todos os resultados de PSA e busca aqueles com valores acima da faixa esperada, que são os com maior risco de câncer de próstata. Com isso, temos resultados melhores e fazemos ações com esses pacientes, como o envio de comunicados específicos sobre cuidados de saúde do homem”, diz.

O crescimento da procura pelos testes foi mais significativo nas regiões Sul, onde foi de 30%. No Centro-Oeste e no Nordeste o aumento foi, respectivamente, de 12% e 11%. Já no Rio de Janeiro e em São Paulo, a busca cresceu de forma inferior à média nacional: mais 5% e 2%, respectivamente.

“Essa detecção do aumento nos testes de PSA na minha compreensão é positiva, mostra que as pessoas estão entendendo melhor a importância de cuidar da sua saúde e perdendo o medo dos diagnósticos, já que os tratamentos estão muito melhores”, avalia o diretor da Dasa Oncologia, Gustavo Fernandes.

Em relação às alterações, o crescimento foi também maior na região Sul, onde foram 58% mais anomalias identificadas do que no ano passado, e no Centro-Oeste, onde foram 28% mais altas. No Rio de Janeiro, houve 33% mais resultados acima do normal em 2023, o que chama atenção já que foram apenas 5% mais testes no estado.

Quem deve fazer os exames?

A realização dos exames de toque retal e PSA regularmente por homens assintomáticos para identificar de forma precoce o câncer de próstata deve ser uma decisão individual compartilhada com o médico, orientam especialistas.

O chamado rastreamento não é indicado de forma ampla pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), que citam a falta de benefícios relatados em estudos, já que não foi observada uma redução na mortalidade em decorrência da estratégia.

Porém, médicos da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) orientam que os homens conversem com o urologista a partir dos 50 anos para decidir de forma informada.

Aqueles que pertencem a grupos de risco, que podem ser mais beneficiados, devem começar o monitoramento antes, aos 45 anos. É o caso de homens negros ou aqueles com parentes de primeiro grau com histórico da doença.

Com informações de O Globo