Moradores de várias comunidades, profissionais, associações e entidades sociais de Iranduba foram proibidos de entrar, na manhã desta segunda-feira (13), na sede do Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) localizado naquele município (a 19 km de Manaus), para participar de reunião, promovida a pedido de grandes empresários e proprietários de loteamentos na região, que são contrários ao projeto de instalação do aterro sanitário do Estado.

De acordo com as denúncias dos moradores e comunitários, a proibição do acesso às instalações do órgão público foi motivada por seu posicionamento favorável ao projeto – o primeiro que irá funcionar totalmente segundo as normas ambientais e de segurança determinadas pela legislação e entidades fiscalizadoras do setor.

“Esses empresários, muitos deles donos de loteamentos residenciais irregulares, só estão interessados em seus negócios e esquecem que Iranduba precisa resolver o problema do lixo no município até 2024, quando é o prazo final segundo lei federal”, afirmou um comerciante local que pediu para não divulgar seu nome.

Representando a comunidade Nova Veneza e barrada na entrada do MP-AM, em Iranduba, a aposentada Diana Souza afirmou que um grupo de cerca de 20 pessoas participaram da reunião a portas fechadas com os representantes do órgão público.

“Esse é um projeto importante não apenas na parte ambiental, mas também para a economia de Iranduba, com a geração de emprego e renda em um momento difícil para o País. Portanto, é uma iniciativa bem-vinda e que merece nosso apoio”, destacou a moradora.

Também em frente ao MP-AM de Iranduba, o morador Alberto Maranhão denuncia que na área próxima ao local onde está prevista a instalação do aterro sanitário, funcionam empreendimentos irregulares, como uma granja, que poluem o meio ambiente.

“São três grandes empresários do município que são contrários ao aterro e não querem saber de fiscalização naquela área. Um deles com lotes irregulares e outro com essa granja que nunca teve fiscalização e suja o meio ambiente. Eles são contrários ao aterro porque o lugar será fiscalizado, vistoriado e seguirá as normas de saúde e as leis municipais, estaduais e federais”, acrescentou.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério Público do Estado do Amazonas foi procurado e questionado sobre a audiência e sobre os motivos que levaram a proibição de moradores de Iranduba participarem da audiência e até o presente momento não se manifestou sobre o assunto.

Aterro Versus Lixão

O Município de Iranduba está próximo a ser o único da região Norte a ter um aterro sanitário, atendendo todas as normas e regulamentos para descarte e destinação correta de resíduos. O projeto é da Norte Ambiental que foi apresentado em audiência pública, no último dia 27 de novembro, com participação de todos os setores da sociedade.

Segundo o professor e doutor em Ciências da Engenharia Ambiental, Carlos Freitas, consultor de estudos do projeto do Sistema de Tratamento e Destinação de Resíduos da Norte Ambiental, a diferença entre aterro e lixão foi apresentado na referida audiência pública.

“Os lixões são depósitos a céu aberto onde são jogados e amontoados os resíduos de todos os tipos sem nenhum tratamento adequado e sem critério sanitário de proteção ao meio ambiente. Isso, Iranduba já tem e está lutando contra. Por outro lado, no projeto da Norte Ambiental, os resíduos serão depositados em solos preparados para este fim, com impermeabilização, nivelamento e selados. Os resíduos recebem tratamento antes e não ficam a céu aberto, evitando a contaminação do ar e atrair animais que podem transmitir doenças”, acrescentou Freitas.