Agora bastante falante, o ex ajudante de ordem de Bolsonaro, Mauro Cid, faz acusações sobre a tentativa de golpe de Estado (Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil)
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), disse que o ex-ministro general Braga Netto e o advogado Fabio Wajngarten tentaram obter informações privilegiadas sobre os primeiros depoimentos que ele prestou no âmbito do acordo de delação premiada com a Polícia Federal.
Segundo Cid, ambos fizeram contato com familiares dele, incluindo a esposa e o pai. A informação consta em vídeo gravado em 5 de dezembro de 2024, durante outro depoimento prestado pelo tenente-coronel à PF.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tornou públicos vídeos da delação premiada de Cid nesta quinta-feira (20).
Contudo, a gravação que implica Braga Netto e Fabio Wajngarten, que foi secretário de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), só foi disponibilizado pelo STF nesta sexta-feira (21) — embora não estivesse mais sob sigilo.
A transcrição desse mesmo depoimento já tinha sido divulgada nesta quarta-feira (19), quando Moraes derrubou o sigilo do documento sobre o caso. “Basicamente isso aconteceu logo depois da minha soltura, quando eu fiz a colaboração, naquele período, onde não só ele [Braga Netto] como outros intermediários tentaram saber o que eu tinha falado”, afirmou Cid na ocasião.
“Faziam um contato com o meu pai [general Mauro Lourena Cid], tentavam ver o que eu tinha, se realmente eu tinha colaborado, porque a imprensa estava falando muita coisa, aí não era oficial, e tentando entender o que eu tinha falado”, prosseguiu.
Segundo Cid, essas tentativas eram feitas por telefone, por conta da distância entre cidades. “Talvez intermediários pudessem estar tentando chegar perto de mim, até para tentar entender o que eu falei, mas como eu não podia falar, eu meio que desconversava e tentava ir por outros caminhos, porque eu não podia revelar o que fui falar”, frisou o tenente-coronel.
A defesa de Braga Netto, inclusive, pediu oficialmente ao STF acesso ao teor da delação premiada, o que foi negado pela Corte.
Cid citou ainda o nome do ex-secretário de Comunicação da Presidência entre as pessoas que tentavam conseguir os dados. “Outros que tentaram fazer contato com meu pai foi o Fabio Wajngarten. Ele tentou até ligar para minha esposa também, eu acho, para saber o que eu tinha falado”, afirmou o tenente-coronel.
Questionado se Wajngarten também tinha feito contato com o general Mauro Lourena Cid, pai dele, Mauro Cid respondeu positivamente. “Isso, isso. Para entender o que eu tinha falado, como estava funcionando o acordo de colaboração”, responde o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Sigilo derrubado
O ministro derrubou na quarta (19) o sigilo do acordo de delação premiada firmado em 2024 pela Polícia Federal com o tenente-coronel.
Na mesma decisão, Moraes abriu prazo de 15 dias para que os 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República nesta terça-feira (18) apresentem suas defesas por escrito.
Com a decisão, o conteúdo dos depoimentos de Mauro Cid se tornou público. A derrubada do sigilo tinha sido adiantada pelo jornalista César Tralli, da TV Globo, no início da manhã de quarta.
“Ocorre que, no presente momento processual, uma vez oferecida a denúncia pelo procurador-geral da República, para garantia do contraditório e da ampla defesa […] não há mais necessidade da manutenção desse sigilo, devendo ser garantido aos denunciados e aos seus advogados total e amplo acesso a todos os termos da colaboração premiada”, diz Moraes.
O acordo previa que Cid falasse sobre detalhes aos investigadores sobre suspeitas de crimes cometidos por ele e por pessoas em seu entorno ao longo do governo – em investigações como a da tentativa de golpe de Estado, das joias trazidas da Arábia Saudita e da suposta fraude nos cartões de vacinação, por exemplo.
Se as informações prestadas por Cid forem confirmadas pela investigação, ele pode receber benefícios como a redução da pena e o cumprimento de condenações em regime aberto, por exemplo.
O deputado estadual Wilker Barreto denunciou a contratação milionária, pelo Governo do Estado, da Empresa de Tecnologia da Informação do Estado do Piauí (ETIPI)....