Estreia da última semana nos cinemas ao redor do mundo, o filme “Oppenheimer”, do diretor Christopher Nolan, é baseado na biografia do físico americano J. Robert Oppenheimer (interpretado por Cillian Murphy), conhecido como o “pai da bomba atômica”.
O cientista liderou o Projeto Manhattan, responsável pela criação da arma nuclear durante a Segunda Guerra Mundial. A equipe realizou um primeiro teste em julho de 1945 no deserto do Novo México (EUA) e, no mês seguinte, o governo americano lançou duas bombas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. O ato marcou o desfecho da Segunda Guerra.
“Tenho certeza de que, quando estavam desenvolvendo a bomba, o foco não era a radiação, porque eles sabiam o quão problemático isso poderia ser. O principal foco era destruir”, avalia a cientista e física nuclear Débora Peres Menezes.
Chamada de Little Boy, a arma lançada tinha 72 quilos de Urânio-235. “O poder de destruição de 10 gramas de Urânio-235 equivale a 700 quilos de óleo e 1.200 quilos de carvão. Então, além do fator explosivo, tem a onda de choque que a bomba causa”, complementa ela, que também é diretora do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Como resultado das explosões, estima-se que cerca de 200 mil pessoas morreram pelo impacto ou como consequência da radiação – em Hiroshima houve uma chuva radioativa que contaminou a água e o solo. Hoje, as duas cidades não apresentam risco à saúde dos moradores e são importantes portos japoneses.
Radiação no solo, infertilidade e bloqueio do sol
Para Débora, o principal efeito secundário de uma bomba nuclear é justamente a radiação. “Ela fica no solo por muitos anos e pode causar problemas como câncer de pele. Dependendo da quantidade de radiação que uma pessoa recebe, a morte pode ser imediata ou pode afetar a fertilidade”, diz a cientista.
Além disso, a explosão de uma arma nuclear é capaz de jogar uma grande quantidade de fuligem e poeira na atmosfera. Isso bloquearia a luz solar, podendo afetar plantações e colheitas, e até mesmo provocar quedas na temperatura.
A professora cita, contudo, que a fumaça tem a ver com explosões em geral. “Não precisa ser radioativa, acontece até nos vulcões. A fuligem é carregada pelos ventos e contamina não apenas o solo, mas também pode ir para a alimentação. A gente também pode respirar isso.”
Ondas de radiação cobriram a paisagem após a explosão da primeira bomba atômica em Hiroshima, Japão. Em 6 de agosto de 1945 a bomba Little Boy foi lançada na cidade causando a morte de mais de 140 mil pessoas. – U.S. Army/Hiroshima Peace Memorial Museum/Reuters – U.S. Army/Hiroshima Peace Memorial Museum/Reuters
Mesmo as regiões distantes do local de uma explosão também podem ser afetadas. “Imediatamente, pela radioatividade, é muito difícil. Mas a gente vive em um mundo de economias globais onde as coisas viajam numa velocidade muito rápida, então ninguém está imune a esse tipo de acidente”, afirma, destacando que itens como alimentos e demais mercadorias podem sofrer alterações.
É possível ter um novo ataque nuclear?
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, as armas nucleares continuaram a ser desenvolvidas – sendo, inclusive, mais potentes. Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) apontam que existam 12,7 mil delas, e a maior parte pertence à Rússia e aos EUA.
Desde 1970, a ONU é responsável por regular o TNP (Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares), cujo objetivo é promover a cooperação no uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos por parte dos países signatários. Atualmente, 191 nações firmam o acordo, incluindo o Brasil.
No último ano, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia levantou debates sobre um possível ataque nuclear e colocou o mundo em estado de alerta. Para a diretora do CNPq, é preferível “acreditar que a chance disso acontecer é zero”.
“O ideal seria que não houvesse mais nenhum tipo de arma de destruição em massa (nem bombas, nem armas químicas), que isso não fosse produzido no mundo.” afirmou Débora Peres Menezes, física nuclear
Consequências da explosão
Após os bombardeios em 1945, Robert Oppenheimer expressou arrependimento em diferentes ocasiões. Em uma delas, chamou a bomba atômica de “coisa perversa”.
As declarações negativas fizeram com que ele tivesse o acesso revogado aos assuntos secretos da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos e, posteriormente, teve a relação com o governo americano encerrada.
O físico então passou a trabalhar como diretor no Instituto de Estudos Avançados de Princeton (Institute for Advanced Study), em Nova Jersey, e morreu aos 62 anos, em 1967, de câncer de garganta.
O filme de Christopher Nolan é inspirado no livro “Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano”, lançado em 2005 pelos autores Kai Bird e Martin J. Sherwin.
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