Os desenvolvedores da vacina contra a covid-19, Sputnik V, disseram que irão processar a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por difamação.
De acordo com o laboratório, a agência fez declarações incorretas e enganosas sem testar o imunizante, além de ter desconsiderado um documento oficial que foi encaminhado.
“Após a admissão do regulador brasileiro Anvisa de que não testou a vacina Sputnik V, a Sputnik V está iniciando um processo judicial de difamação no Brasil contra a Anvisa por espalhar informações falsas e imprecisas intencionalmente”, escreveram os desenvolvedores do imunizante nas redes sociais.
Segundo publicações feitas no Twitter da Sputnik V, a Anvisa admitiu os erros. O perfil do imunizante chega a citar uma fala do gerente de Medicamentos e Produtos Biológicos da agência, Gustavo Mendes.
“Não recebemos amostras da vacina para teste. Então, precisa ficar claro, não fizemos teste para adenovírus replicado”, teria dito Gustavo Mendes. No entanto, o perfil da Sputnik não deixa claro quando e onde a declaração foi feita.
Para os produtores da Sputnik V, a Anvisa desconsiderou um ofício emitido pelo Instituto Gamaleya sobre “nenhum RCA estar presente, mas apenas vetores não replicantes”.
“Nossa equipe jurídica entrará em contato”, afirmou a Sputnik.
O UOL entrou em contato com a Anvisa para saber se as declarações da Sputnik procedem e se a agência gostaria de se pronunciar sobre o caso. Até o momento da publicação desta matéria, não obtivemos retorno.
Diretoria da Anvisa rejeita Sputnik V
Os cinco diretores da Anvisa rejeitaram de forma unânime a importação e o uso da vacina russa contra a covid-19 no Brasil.
A decisão foi tomada na segunda-feira (26). Os diretores haviam se reunido de forma extraordinária para avaliar os pedidos de nove estados para a aquisição dos imunizantes.
O gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, argumentou que os lotes analisados mostraram a presença de adenovírus com capacidade de reprodução no composto da vacina, o que traz riscos à saúde.
A tecnologia utilizada na fabricação da Sputnik V é a do adenovírus vetor. Por meio dessa técnica, o código genético do Sars-Cov-2, que é o vírus da covid-19, é inserido no adenovírus e este, ao ser aplicado em seres humanos por meio da vacina, estimula as células do organismo a produzir uma resposta imune.
O adenovírus é um vírus que possui uma capacidade natural de replicação no corpo humano, mas quando utilizado como imunizante, a capacidade de reprodução deve estar neutralizada.
De acordo com a Anvisa, isso que não teria ocorrido no caso dos lotes da Sputnik avaliados. (UOL)