Os astronautas da Artemis 2, missão da Nasa que orbitará a Lua em 2024 - Foto: Nasa

Depois da Apollo 11, que completa 54 anos em 2023, outras cinco missões tripuladas pousaram na Lua. No total, 12 pessoas pisaram na superfície do satélite; outras 12 estiveram em sua órbita. Todos homens brancos norte-americanos da Nasa.

Desde dezembro de 1972, ninguém mais caminhou por lá. Os últimos foram os tripulantes da Apollo 17, missão final do programa.
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Se, cinco décadas atrás, o objetivo dos Estados Unidos era mostrar força diante da então União Soviética, agora a humanidade retoma este sonho espacial com outros planos. Com o novo programa Artemis, a ideia não é só fincar uma bandeira, mas sim estabelecer uma presença constante no satélite, para um dia também chegar a Marte.

O primeiro passo foi dado no ano passado. A missão Artemis 1 orbitou a Lua e retornou à Terra, mas sem ninguém dentro da cápsula Orion. Em 2024, será a vez da Artemis 2. Ela repetirá o processo, mas desta vez com quatro astronautas a bordo.

Os candidatos a herói já foram escolhidos e possuem um perfil diferente dos visitantes iniciais:

  • Victor Glover,

  • Christina Koch,

  • Reid Wiseman,

  • Jeremy Hansen, da CSA (Agência Espacial Canadense).

Em uma espécie de reparação histórica, há um negro, uma mulher e um estrangeiro na tripulação.

“Estes exploradores representam o melhor da humanidade, ousando forjar novas fronteiras no espaço em nome da humanidade.” afirma a Nasa

Ainda que cheguem bem perto da Lua, não pisarão nela. Isso só deve acontecer na Artemis 3, prevista para 2025, que vai pousar no polo Sul lunar, um local diferente e mais desafiador do que os visitados pelas missões Apollo. Nenhuma pessoa nem sequer robôs jamais estiveram lá.

Conheça mais sobre os quatro astronautas escolhidos para a missão Artemis 2:

Protagonismo feminino

Astronauta Christina Koch limpa os circuitos de resfriamento de traje espacial dos EUA Astronauta Christina Koch limpa os circuitos de resfriamento de traje espacial dos EUA – Foto: Nasa

Christina Koch, 44, será a especialista da missão. Ela é uma astronauta experiente, selecionada pela Nasa em 2013. Formada em engenharia elétrica e física, fez história como engenheira de voo nas expedições 59, 60 e 61 da Estação Espacial Internacional (ISS).

Inicialmente, sua viagem iria durar apenas alguns meses, mas imprevistos fizeram com que ela passasse quase um ano na ISS: foram 328 dias seguidos, entre março de 2019 e fevereiro de 2020. Assim, Koch bateu o recorde de mulher que passou mais tempo no espaço, apenas 12 dias atrás da maior marca masculina. E mais: durante 288 deles, ela era a única tripulante na estação, também quebrando o recorde de mulher que passou mais tempo sozinha em órbita.

Durante a longa estadia no espaço, ela realizou os mais diversos experimentos científicos, incluindo uma horta espacial e uma impressora de órgãos humanos, e participou da primeira caminhada do lado de fora da ISS totalmente feminina, ao lado da colega Jessica Meir.

‘Top gun’ da vida real


Victor Glover (Nasa) – Foto: Robert Markowitz / Nasa

Victor Glover, 46, será o piloto da missão. “Este é um grande dia. Temos de celebrar este momento da história humana”, disse ele, quando foi anunciado.

Glover é um engenheiro negro, comandante da Marinha dos Estados Unidos e um experiente piloto de caça F/A-18 — o mesmo do filme “Top Gun Maverick” —, com mais de 3 mil horas de voo. Seu código de chamado é “Ike”, de “I know everything” (“eu sei tudo”, em inglês). Ele participou de operações militares no Iraque e no Japão.

Após completar o treinamento de astronauta, em 2015, ele foi selecionado para a tripulação do primeiro voo opercional da cápsula Crew Dragon, dentro do programa comercial em parceria com a SpaceX. Membro da expedição 64/65, passou seis meses na ISS, se tornando o primeiro afro-americano a de fato viver na estação — e não apenas fazer uma breve visita, como aconteceu algumas vezes durante as viagens do Ônibus Espacial.

Até hoje, a Nasa mandou apenas 14 pessoas negras ao espaço, dentre mais de 300 astronautas enviados.

Comandante experiente

Foto: Nasa / Divulgação

O comandante da missão será o veterano Reid Wiseman, 47, que começou a carreira como piloto de testes. Selecionado como astronauta em 2009, ele foi engenheiro de voo da missão 40/41 da ISS, passando 165 dias no espaço.

Em 2020, foi promovido a Chefe do Escritório de Astronautas da Nasa, coordenando o treinamento e seleção dos candidatos. Renunciou ao cargo para voltar a ir ao espaço — e chegar na Lua.

Primeiro canadense

Astronautas da missão Artemis 2: Christina Koch, Victor Glover, Jeremy Hansen (em cima, da esquerda para a direita) e o comandante Reid Wiseman (embaixo) – Foto: Nasa

São três astronautas dos Estados Unidos e um do Canadá — o país vizinho garantiu seu assento após desenvolver um moderno braço robótico para o programa de exploração lunar. Jeremy Hansen, 47, será especialista da missão.

É o único que nunca foi ao espaço, mas tem sólida formação. Piloto desde os 12 anos de idade e graduado em ciência espacial e física, foi selecionado pela CSA em 2009. Trabalhou no Centro de Controle da Missão (especialistas em Terra que monitoram a ISS) e chefiou cursos de novos astronautas da Nasa.

*Com informações de Uol