Maquete do Novgorod, o navio russo em forma de disco criado no final da década de 1870 - Foto: Reprodução

Ao longo da História, o homem sempre buscou formas cada vez mais eficientes de navegar.

Muitas, resultaram em avanços impressionantes. Mas algumas, até hoje, chamam a atenção pelo formato curioso de certos navios. Como estes aqui:

Ramform Titan – O navio triângulo

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A impressão é que este navio foi cortado, e só ficou a parte da frente — a proa, em linguagem náutica.

Mas, não. O Ramform Titan é assim mesmo: curto, mas bem largo, parecendo um triângulo.

O seu estranho formato é uma necessidade para o que ele faz: rastrear o fundo do mar, em busca de impulsos sísmicos que indiquem a iminência de algum fenômeno natural, como tremores e maremotos. Ou — função na qual é muito mais utilizado — para a prospecção de possíveis campos submersos de petróleo.

Isso é feito através de uma fileira de cabos equipados com sensores (24 ao todo), que ele puxa a reboque, o que explica por que precisa ser tão largo na popa — a parte traseira de qualquer barco.

O Ramform Titan já esteve algumas vezes no Brasil, contratado pela Petrobrás, para prospectar partes da costa brasileira. E sempre chamou bem mais atenção nos portos por onde passou do que qualquer outro navio. Nem precisa dizer por quê.

Novgorod – O navio disco

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Foi a maior ousadia da indústria naval da época. Tão ousado que não deu certo.

O Novgorod foi um navio militar russo, construído no final da década de 1870, tão redondo quanto uma pizza. Seu formato pra lá de esquisito exigia pouca profundidade e permitia navegar em águas rasas, além de ser mais estável para o manuseio dos canhões.

Na teoria, seria um sucesso. Na prática, foi um total fracasso: era lento e quase impossível de manobrar, o que o deixava totalmente vulnerável aos ataques inimigos.

Mesmo assim, foi utilizado em diferentes funções (já que não atendia bem nenhuma delas) durante 30 anos, até que foi desativado e desmanchado, em 1903.

O bizarro navio-disco entrou para a História como uma das piores naves de guerra já construídas.

Havfarm 1 – O navio fazenda

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O Havfarm 1 não é bem um navio, já que não se movimenta sozinho.

Está mais para uma balsa ou estrutura de plataforma, porque, a rigor, também não tem casco e precisa ser rebocado. Mas sua utilidade é tão curiosa quanto o seu formato.

Trata-se de um criadouro flutuante de salmões, e pode abrigar mais de dois milhões deles, já que tem 385 metros de comprimento.

Foi construído na China, sob encomenda, para uma empresa norueguesa de pescados, com o intuito de, de tempos em tempos, ser levado para outro local momentaneamente mais propício a criação de salmões.

Interessante é que, embora não tenha movimento autônomo, o Havfarm 1 possui motores. Mas a função deles é apenas bombear água para dentro dos tanques, quando as marés não forem fortes o bastante para fazer circular a água por dentro dele.

Uma espécie de bomba ao contrário, que em vez de expulsar a água de dentro do barco, a põe para dentro.

The Boat – O navio prisão

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Três décadas atrás, quando as penintenciárias da região de Nova York chegaram perto do seu limite máximo de ocupação, a administração penal da cidade decidiu transferir centenas presos para uma prisão diferente: uma barcaça construída em forma de prédio, especialmente para aquele objetivo.

Nascia assim a Vernon C. Bain Maritime Facility, uma penitenciária flutuante, que logo se tornaria bem mais conhecida pelo apelido The Boat (“O Barco”) — embora tenha sido feita para não sair do lugar.

Permanentemente atracada em um píer bem protegido da cidade, a The Boat (que deveria ter sido um “quebra-galho” temporário, mas acabou virando uma penitenciária de fato) fez escola.

No ano passado, ela influenciou a Inglaterra a fazer o mesmo, transformando uma grande barcaça sueca equipada com 220 quartos, chamada Bibby Stockholm, em “acomodação” para imigrantes indesejados — um eufemismo para o que ela é de fato: também uma prisão.

A barcaça penitenciária americana The Boat tem 208 metros de comprimento, cinco andares (ou “deques”) e 100 celas, equipadas com pequenas janelas. E embora também tenha algumas comodidades típicas de navios de cruzeiro — como academia, quadras esportivas, teatro, capela, ambulatório médico e biblioteca —, uma coisa é certa: nenhum dos seus 800 ocupantes gostariam de estar a bordo.

Bottsand Y 1643 – O navio que engole óleo

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Nos anos de 1980, os frequentes vazamentos de petróleo nos mares da Europa levaram a Marinha da Alemanha a desenvolver um tipo inédito de navio: os articulados, capazes de reter — e filtrar — grandes quantidades de óleo na água.

Foram construídos dois navios do gênero: o Bottsand Y 1643, e seu irmão gêmeo, o Eversand Y 1644, ambos ainda em atividade.

O princípio de funcionamento é bem básico – mas extraordinário, em se tratando de navios com quase 50 metros de comprimento. Quando chegam no local afetado, os cascos do Bottsand e do Eversand se abrem em V, e viram uma espécie de “boca”, que engole e retem o óleo, devolvendo água limpa aos oceanos.

Uma curiosidade: embora sejam navios militares, eles são operados por civis. Quase todos, ambientalistas.

Blue Marlin – O navio cegonha

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Sim, o que você vê na foto é um empilhamento de navios. Sobre outro navio

A cena faz parte do portfólio do Blue Marlin, uma barcaça que é uma espécie de navio peso pesado, dedicado a transportar o que parecia ser intransportável. Como esta pilha de cascos de aço.

Ele foi construído na Holanda, inicialmente para transportar plataformas de petróleo. Mas logo ganhou diversas utilidades como navio-cegonha. Como transportar um contratorpedeiro inteiro, o USS Cole, do Oriente Médio para os Estados Unidos, como fez em outubro de 2000, após um ataque terrorista ter danificado o navio.

Seu tamanho é equivalente ao de dois campos de futebol juntos, mas isso nem é sua maior virtude — e sim o fato de que, para receber sua fenomenal carga, boa parte do casco do Blue Marlin afunda. Mas, depois, volta à superfície, como se transportar um navio inteiro – ou vários, ao mesmo tempo — fosse a coisa mais natural do mundo.

City of Peterburg – O navio cápsula

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Não estranhe a aparência incomum deste navio, que mais parece um gigantesco supositório. Muito menos a sua parte frontal, redonda feito uma bola.

Tudo isso foi feito para melhorar a eficiência da navegação do City of Peterburg, um navio de transporte de automóveis, com capacidade para levar 2 000 carros em seus 12 andares de “garagens flutuantes”.

Ele foi construído no Japão, em 2010, a pedido da fábrica de automóveis Nissan, que queria — e conseguiu — reduzir sensivelmente o consumo de combustível no transporte marítimo de seus veículos.

Graças, sobretudo, ao formato semi esférico da sua proa, que reduz significativamente a resistência ao vento, o City of Peterburg economiza cerca de 800 toneladas de combustível por ano, o que não é pouco.

USS Zumwalt – O navio bilionário

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Acredite: o formato curioso, que lembra mais um submarino do que um navio, é a parte menos relevante deste impactante destroier da Marinha Americana, que, ao ser lançado, dez anos atrás, pretendia se tornar revolucionário — mas acabou virando um fracasso milionário, exatamente pelo que custou para ser construído.

O USS Zumwalt, de 180 metros de comprimento e aparência de nave espacial, custou absurdos US$ 7,5 bilhões de dólares (algo como quase R$ 40 bilhões — bilhões, não milhões!), o que inviabilizou que se tornasse uma nova classe de navios de guerra na Marinha dos Estados Unidos. Outros iguais a ele estavam programados para serem construídos, mas o alto custo fez com o programa inteiro fosse abortado.

Problemas financeiros à parte, o USS Zumwalt é um show de inovação e poderio. Seu formato, cheio de ângulos retos, proa invertida e praticamente nenhuma janela, faz com que ele passe praticamente desapercebido nos radares (onde surge apenas como sendo um pequeno barco), e seus dois principais canhões, capazes de lançar projéteis contra alvos a 100 quilômetros de distância. Quer dizer… eram.

Porque, com o custo exorbitante do projeto, até os canhões foram desativados.

Sea Shadow – O navio-arraia

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É uma rampa? Uma pedra? Um túnel? Não. É o Sea Shadow, “Fantasma do Mar” em português, nome que, por sinal, já explicava a principal característica deste peculiar navio, que mais parecia uma arraia nadando na superfície: a de ser imperceptível aos radares — daí o seu formato prá lá de esquisito, que nem de longe lembrava um navio.

O Sea Shadow foi um projeto experimental da Marinha Americana, criado na década de 1980, mas muito mais para impressionar os dirigentes da União Soviética, então envolvida na Guerra Fria contra os Estados Unidos, do que propriamente exercer as funções habituais de um navio militar. Sua construção foi secreta, e ele só foi revelado em 1993, quando a guerra já caminhava para o fim.

Tinha 50 metros de comprimento, por 20 de largura, casco em forma de catamarã, no qual apenas as duas pontas ficavam submersas, e era operado por apenas 12 pessoas, o que era outro trunfo do projeto: não dependia de grandes tripulações.

Apesar de revolucionário, era economicamente inviável e, por isso, durou pouco na corporação.

Em 2002, após passar muito mais tempo parado do que navegando, o Sea Shadow foi colocado à venda, mas ninguém se interessou em comprá-lo — nem mesmo os russos, a quem ele, indiretamente, se destinava. Quatro anos depois, foi vendido como sucata e desmanchado em um estaleiro americano.

Do “Fantasma do Mar” só restaram fotos comprovatórias de que ele existiu de fato.

Flip – O navio periscópio

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De todas as formas de navios que o homem já inventou, nenhuma outra foi tão original — e surpreendente — quanto o Flip, iniciais de “Floating Instrument Platform”, embora “flip” (“virar”, em inglês) também designasse a sua principal característica: a de mudar da posição horizontal para a vertical, para ajudar os oceanógrafos a estudar o mar.

Quando chegava ao local determinado, o Flip (que foi desativado apenas recentemente) começava a afundar a proa até ficasse totalmente na vertical, feito um periscópio, procedimento que sempre deixava os técnicos entusiasmados, mas os leigos apavorados.

*Com informações de Uol