Painel de lançamento da Rede de Pesquisa em Produtividade e Sustentabilidade (Rede PP&S) (Foto: Divulgação)

Foi lançada nesta semana, no Insper, em São Paulo, a Rede de Pesquisa em Produtividade e Sustentabilidade (Rede PP&S), um programa interinstitucional que reúne economistas de instituições brasileiras consideradas referência em pesquisa econômica, como Insper, Universidade de São Paulo (USP), Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). A iniciativa tem apoio financeiro do Instituto Itaúsa e busca consolidar pesquisas de ponta sobre a interação entre produtividade, desenvolvimento e sustentabilidade no país.

Segundo Rodrigo R. Soares, professor do Insper e coordenador acadêmico da Rede PP&S, a iniciativa nasce para preencher uma lacuna histórica no debate econômico brasileiro, marcado pela separação entre agendas ambientais e produtivas. “O objetivo é gerar conhecimento que ajude a informar políticas públicas nessa área”, afirmou. Para ele, o debate atual ainda funciona em extremos. “Parte do espectro focado em produtividade isoladamente e parte focado em sustentabilidade isoladamente. É a busca de um equilíbrio informado pela evidência científica.”

O projeto pretende fortalecer a inserção internacional de pesquisadores brasileiros e incentivar a produção de artigos com alto impacto, tanto acadêmico quanto aplicado. Entre os temas prioritários estão transição energética, uso da terra, regulação ambiental, mudanças climáticas, finanças climáticas, impactos socioeconômicos do desmatamento, desigualdade, sustentabilidade urbana e produtividade nos territórios, além de políticas para a Amazônia.

Soares explica que o desenho da rede inclui financiamento, cooperação e intercâmbio. “A gente vai ter um programa trazendo pesquisadores estrangeiros para passar uma semana no Brasil, visitar diferentes instituições e interagir com a pesquisa sendo feita localmente. E uma conferência anual”, disse. Ele afirma ainda que o último braço é a comunicação de resultados: “Vamos fazer essa ponte com a sociedade civil também”.

O foco da Rede PP&S é produzir evidências e disseminar diagnósticos sobre a integração entre produtividade econômica e transição climática, com impacto sobre pessoas, meio ambiente e modelos de desenvolvimento. Entre suas linhas, estão pesquisas sobre governança de recursos naturais, agricultura sustentável, instrumentos econômicos, infraestrutura, energia, mercado de trabalho, saúde e adaptação às mudanças climáticas.

Durante o evento de lançamento, as primeiras sessões de trabalho mostraram a amplitude da agenda, com pesquisas sobre interação entre meio ambiente e produtividade, economia política da preservação ambiental e impactos socioeconômicos do desmatamento. “Acho que elas ilustram bem a amplitude de temas”, observou Soares.

Apesar da diversidade, o foco metodológico permanece direcionado à economia. “É uma rede de pesquisa em economia”, enfatizou. Segundo ele, embora administração pública e gestão também sejam áreas relevantes ao debate climático, a estrutura atual foi desenhada para economia aplicada.

Soares destacou que o apoio financeiro inicial do Instituto Itaúsa garante os três primeiros anos do programa, e que o objetivo, ao longo do tempo, é ampliar parcerias. “Ao longo do tempo é possível”, disse, indicando que a expansão institucional e de financiamento será construída conforme os projetos avançarem e os grupos de pesquisa se consolidarem.

A rede é coordenada academicamente por Rodrigo R. Soares, professor do Insper, e tem coordenação executiva de Leila Pereira. O comitê de pesquisa reúne Juliano Assunção (PUC-Rio), Paula Pereda (USP), Francisco Costa (EPGE-FGV) e o próprio Soares. O programa prevê chamadas temáticas, apoio financeiro a projetos, visitas de pesquisadores do exterior, conferências internacionais e ações de divulgação científica para aproximar o debate da sociedade civil.

Com informações de Um Só Planeta