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Não há quem resista. O aroma e o sabor característico do café conquistam apreciadores nos quatro cantos do mundo e por aqui não é diferente. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café – ABIC, o Brasil é o segundo maior consumidor no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, registrando mais de 5 quilos de café moído e torrado por pessoa entre novembro de 2022 e outubro de 2023. Pesquisas mostram que 46% da população toma entre 3 e 5 xícaras de café por dia, enquanto para 29% são mais de 6 xícaras.

“Oferecer um cafezinho é um gesto profundamente enraizado na cultura brasileira, é parte da identidade nacional e reforça o elo entre as pessoas, transcendendo a mera cortesia e se tornando um símbolo de hospitalidade, afeto e união”, destaca Joseane Almeida Santos Nobre, professora do curso de Nutrição da Wyden. “A história do café no Brasil remonta ao século XVIII, quando se tornou um importante produto de exportação, impulsionando a economia e moldando a sociedade. O hábito de consumi-lo se popularizou nas fazendas, onde era servido aos trabalhadores e visitantes. Com o tempo, se espalhou pelas cidades, ganhando espaço nas casas e botecos como parte da vida social de toda a população”.

A especialista ressalta que hoje há uma variedade grande de tipos de café, mas que os preferidos por aqui são o arábica, o robusta e o conilon. “O primeiro tem um sabor mais suave e aroma mais complexo, com notas frutadas, florais e achocolatadas. É mais cultivado em Minas Gerais e São Paulo”, conta Joseane. “O robusta geralmente é misturado ao arábica, formando blends, por possuir sabor mais forte e amargo, com notas terrosas e amendoadas, e maior teor de cafeína. Já o conilon é mais marcante e também amargo. Essa escolha é muito individual, então o ideal é ir experimentando e ver qual se adequa mais ao seu paladar”.

Sabores complementares

A professora da Wyden acrescenta que, assim como outros tipos de bebidas, é possível harmonizar o café com alimentos variados. “A combinação ideal pode ressaltar os sabores de ambos, criando uma experiência gastronômica mais completa”, diz. Confira algumas sugestões:

Chocolate amargo: complementa bem o sabor do café, especialmente se o café for rico e encorpado, como o expresso.

Frutas cítricas: laranja ou limão podem realçar os sabores cítricos presentes em alguns cafés, como um café de torra média com uma fatia de bolo de laranja.

Nozes, amêndoas ou avelãs: podem complementar o sabor do café, especialmente se ele já tiver notas de nozes. Um café com notas de caramelo e nozes pode ser acompanhado por um croissant de amêndoas, por exemplo.

Queijos: queijo azul ou queijo Brie contrastam bem com um café encorpado e torrado.

Doces de caramelo: podem complementar cafés com notas de caramelo ou toffee. Experimente um caramelo salgado com um café expresso para uma combinação indulgente.

Especiarias: adicionar canela em pó, cravo em pó, essência de baunilha deixa o café muito saboroso. Pode ser utilizado como estratégia para reduzir a quantidade de açúcar, adoçante, entre outros.

Cuidados no preparo

Joseane explica que as proporções recomendadas de café e água variam conforme o equipamento usado no preparo. “Se for coado, use uma colher de sopa de café para cada 100ml de água. Se for usar prensa francesa, quatro colheres de café para 350ml de água. Já no expresso, são 7g de café para 30ml de água”, diz. “Comece com essas medidas e vá ajustando até encontrar a que melhor se adapta ao seu gosto”.

O tempo de infusão, ou seja, que o café fica em contato com a água durante o preparo, também é importante, segundo a especialista. “Métodos de preparo como expresso requerem prazos curtos, geralmente entre 25 e 30 segundos, enquanto a prensa francesa pode exigir cerca de 4 minutos”, ensina. “O tipo de moagem interfere igualmente, com menos tempo para moagens mais finas e maior espera para as mais grossas”.

A professora também esclarece alguns mitos que acabam comprometendo a qualidade final do cafezinho:

Café moído deve ser armazenado na geladeira: “Na verdade, isso pode resultar em condensação, comprometendo o sabor do café. O café moído deve ser armazenado em um recipiente hermético, em local fresco e escuro, longe da luz e umidade”.

Água fervente é melhor para fazer café: “Ao contrário, ela pode queimar o café, resultando em um sabor amargo. A temperatura ideal da água para fazer café está na faixa de 90°C a 96°C. Ferver a água e, em seguida, deixá-la esfriar por alguns minutos antes de usá-la para fazer café é uma prática recomendada”.

Lavar o filtro de papel antes de usar: “Alguns acreditam que lavar o filtro de papel antes de usar remove resíduos e impurezas. No entanto, isso pode retirar os óleos naturais do café que contribuem para o sabor. Além disso, os filtros de papel são projetados para serem descartáveis e geralmente não contêm impurezas significativas”.

Deixar o café no aquecedor após prepará-lo: “Manter o café em um aquecedor por muito tempo pode resultar em superaquecimento, o que pode prejudicar o sabor. É melhor transferir o café para uma garrafa térmica logo após o preparo para mantê-lo aquecido sem comprometer o sabor”.

Café é uma fonte eficaz de hidratação: “Embora o café contenha água, a cafeína presente pode ter um efeito diurético leve, o que significa que pode aumentar a produção de urina e potencialmente levar à desidratação se consumido em excesso. É importante consumir água suficiente ao longo do dia para garantir uma hidratação adequada”.

O café requentado é ruim. “Reaquecer o café já preparado pode, de fato, alterar o sabor e aroma da bebida, devido à oxidação e perda de compostos voláteis. No entanto, se feito da maneira correta, no fogão e em baixa temperatura, pode ser uma boa opção para evitar o desperdício”.

Açúcar e leite mascaram o sabor do café. “Eles podem realçar ou suavizar determinados aspectos do sabor, mas não devem mascará-los completamente. Se o café estiver muito amargo ou com defeitos sensoriais, é possível que a qualidade dos grãos ou o método de preparo sejam os responsáveis”, conclui Joseane.

Por último, Joseane alerta que o café deve ser consumido com moderação por pessoas que apresentem algumas condições de saúde. “A quantidade diária por pessoa varia muito conforme a idade, estilo de vida, entre outros fatores. Alguns estudos recomendam entre 2 e 4 xícaras pequenas por dia, mas é preciso avaliar caso a caso. O consumo pode ser desaconselhado para quem tem problemas cardíacos, ansiedade, distúrbios do sono, azia, refluxo gástrico e osteoporose”, informa.

A especialista lembra que a cafeína é estimulante e aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial, além de ser uma bebida mais ácida. “Pesquisas indicam que ele pode interferir na absorção de cálcio. Grávidas também devem evitar ou limitar a quantidade, pois pode atravessar a placenta e afetar o desenvolvimento fetal. O café também pode interagir com alguns medicamentos e alterar a eficácia ou os efeitos colaterais. Sempre é recomendável consultar um médico ou profissional de saúde para ter uma orientação específica para seu perfil e condições físicas”, conclui.

 Com informações da Wyden