Povos do Vale do Javari realizam ato em Atalaia do Norte contra o Marco Temporal

A Praça de Alimentação do Centro do munícipio de Atalaia do Norte (distante 1.136 quilômetros de Manaus) foi palco de um protesto organizado por lideranças indígenas do Vale do Javari. O ato aconteceu na última quarta-feira, 30, 10h da manhã e contou com a participação do prefeito de Atalaia do Norte, Denis Paiva (UB) e de lideranças como o cacique Dunu Mayuruna e a advogada Inory Kanamary, membro da Comissão de Direito Indígena da OAB/AM e de organizações como as Mulheres Artesãs do Vale do Javari.

Em sua fala, o prefeito de Atalaia do Norte, Denis Paiva, se irmanou com os povos indígenas do Vale do Javari e questionou a validade da tese do Marco Temporal que tramita no Senado da República e no Supremo Tribunal Federal (STF). “Os grandes grileiros, os que têm muito dinheiro são os que querem o Marco Temporal. São eles que querem se apropriar do que não é deles. Eu não entendo como a legislação brasileira permite que gente de fora compre grandes territórios”, criticou o gestor.

O gestor aproveitou para externar as ações que vem realizando junto às comunidades indígenas. “Temos feitos investimentos em políticas públicas em todas as aldeias do Vale do Javari que pertencem ao município de Atalaia do Norte”, afirmou. Denis Paiva acrescentou o fator “educação” como meio de conscientização e libertação. “Estamos construindo escolas para dar educação e assim ajudar na conscientização do movimento para que o nosso povo seja capaz de buscar e lutar pelos seus direitos”, declarou.

Confiantes

Diante do julgamento que ocorre no Supremo Tribunal Federal (STF) a advogada Inory Kanamary declarou: “Mesmo com todas as perseguições, assassinatos e invasões que sofrem os povos indígenas, ainda seguimos confiante que Tamakori, o Deus do povo kanamary, fará justiça. Acreditamos que o STF irá decidir a favor da vida, dos direitos humanos dos povos indígenas e não permitirá que a história de massacre contra nós se repita”, destacou.

Em seu discurso Inory recorreu à história para invalidar a tese do Marco Temporal. “Nós estávamos aqui muito antes da chegada dos invasores portugueses”, lembrou. A membro da OAB/AM também salientou a relação dos povos indígenas com o meio ambiente. “Não há como falar em meio ambiente sem falar dos povos indígenas porque a nossa relação com a natureza é intrínseca”, afirmou. Inory também fez a relação com a Amazônia. “Sem os povos indígenas não há Amazônia porque somos nós os verdadeiros guardiões da floresta”, finalizou.