Zebras podem ser domesticadas, assim como cavalos? - Foto: Pixabay

A questão sobre por que não montamos em zebras, como fazemos com cavalos, gera dúvidas. Embora esses animais compartilhem características físicas e pertençam ao mesmo grupo (os equídeos), há razões claras que explicam porque zebras não se tornaram animais de montaria ou de carga.

Domesticação difícil

A primeira explicação está no processo de domesticação. Ao longo da evolução, cavalos conseguiram se adaptar ao convívio humano, tornando-se animais úteis para transporte, trabalho e até atividades esportivas, como o hipismo. A espécie desenvolveu características de sociabilidade e cooperação que facilitaram o adestramento e o uso contínuo ao lado das pessoas.

Zebras, por outro lado, apresentam peculiaridades que dificultam esse processo. Segundo um estudo da IFL Science, houve tentativas de domesticar zebras – especialmente durante a colonização holandesa no sul da África. Alguns indivíduos até chegavam a ser amansados, mas o processo de domesticação não aconteceu em larga escala.

O principal motivo é o temperamento. Mesmo próximas aos humanos, zebras mantêm mecanismos naturais de defesa muito fortes: reflexos rápidos de fuga, coices potentes, mordidas agressivas e comportamento altamente reativo. Com o tempo, isso tornou perigoso e inviável usá-las como montaria ou tração, ao contrário dos cavalos, que evoluíram com maior docilidade e disposição para cooperação.

O ambiente moldou o temperamento

O habitat das zebras também é determinante. Vivendo sob constante ameaça de predadores como leões, hienas e guepardos, elas evoluíram para serem animais extremamente vigilantes e sensíveis a qualquer sinal de perigo.

A professora Carol Hall, especialista em Ciências da Equitação pela Universidade de Nottingham, explica: “Para sobreviver em um ambiente com abundância de grandes predadores, a zebra evoluiu para um animal particularmente alerta e responsivo, que foge diante do perigo, mas também possui uma resposta poderosa se capturada.”

Um estudo publicado na revista Animals reforça essa ideia ao destacar que zebras desenvolveram, ao longo da evolução, um forte “stress de captura”, uma reação fisiológica extrema à contenção. Isso as faz reagir de forma explosiva, imprevisível e agressiva quando presas ou manejadas, impedindo uma domesticação segura e consistente.

Para ilustrar o quão perigoso isso pode ser, o coice de uma zebra é forte o bastante para quebrar a mandíbula de um leão, e sua mordida pode causar danos graves. Além disso, a presença constante de caçadores em seu habitat reforçou a aversão natural ao ser humano, tornando-as animais altamente ariscos e pouco inclinados a interações amigáveis.

Anatomia pouco favorável

Existem registros de pessoas montando em zebras, mas são casos isolados. Em geral, a anatomia do animal também não favorece a montaria: as costas costumam ser mais curtas, e a estrutura corporal não foi selecionada para suportar peso humano com segurança e estabilidade. Isso também limita seu uso para puxar cargas ou carroças.

Por uma soma de fatores, os cavalos se tornaram prioridade, pois atendem a vários critérios clássicos de domesticabilidade, como: temperamento dócil, sociabilidade com humanos, reprodução controlada em cativeiro, dieta flexível, desenvolvimento rápido e menor propensão a estresse extremo.

Por preencher praticamente todos esses requisitos, os cavalos são animais fundamentais na história humana. Em paralelo, as zebras permanecem essencialmente selvagens, sem a necessidade de exercerem as mesmas funções.

*Com informações de Uol