Lula já sinalizou que deseja escolher uma mulher para a área da Saúde e o nome da socióloga Nísia Trindade está entre os mais fortes pelo respeito da comunidade científica à sua trajetória

A socióloga Nisia Trindade Lima, presidente da Fiocruz, preferida pela ala política do PT e pelo médico Roberto Kalil para ser a próxima ministra da Saúde

A presidente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Nísia Trindade Lima, ganhou apoio dentro do PT e de parte da comunidade médica para assumir o Ministério da Saúde no próximo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Seus 2 principais defensores são o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) e o médico cardiologista Roberto Kalil Filho.

Outro nome que tem sido aventado para o cargo é o da médica cardiologista Ludhmila Hajjar. Ela conta com o apoio do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).

Lula já sinalizou que deseja escolher uma mulher para a área da Saúde. Embora não tenha se comprometido com um Executivo paritário entre homens e mulheres, o presidente eleito quer ampliar a participação feminina em seu 3º governo.

O petista também delineou a aliados o perfil procurado por ele para o posto. Segundo o Poder360 apurou, Lula quer alguém que tenha estado na linha de frente do combate à pandemia e que tenha amplos conhecimentos sobre o funcionamento do SUS (Sistema Único de Saúde). Também diz não querer médicos estrelas de grandes redes hospitalares.

Por este último critério, Ludhmila poderia perder força na indicação. Ela é um dos principais nomes dos hospitais Star (da rede D’Or), que têm unidades em várias unidades da Federação, inclusive São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Mas ela também é professora da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), diretora da área de cardio-oncologia do InCor (Instituto do Coração), em São Paulo.

Como intesivista, Ludhmila atuou na linha de frente do combate ao coronavírus e é conhecida por ser uma exímia administradora. Foi a médica que cuidou da recuperação de muitas autoridades que contraíram covid, como foi o caso do futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que ficou internado no hospital Vila Nova Star, em Brasília. Ela também cuida da saúde, entre outros, do ministro decano do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

Já Nísia Trindade Lima, que não é médica (é cientista social e socióloga) comandou a Fiocruz durante a pandemia. A instituição, porém, enfrentou dificuldades para entregar os imunizantes da Oxford/Astrazeneca dentro dos prazos e fez seguidas revisões no calendário. Em maio de 2021, por exemplo, a Fiocruz culpou questões burocráticas e diplomáticas pelo atraso de lotes de IFA (insumo farmacêutico ativo) importado da China.

Em setembro de 2021, a instituição passou duas semanas sem conseguir entregar doses da vacina para o Ministério da Saúde. A percepção geral do mundo da medicina é que Nísia não conseguiu gerenciar da melhor maneira possível a atuação da Fiocruz durante a pandemia de coronavírus.

Só em fevereiro de 2022 a fundação passou a ter a tecnologia de produção do IFA. O Brasil se tornou então autossuficiente na fabricação de vacinas contra a covid-19.

Kalil é o médico de Lula há mais de 30 anos. Padilha, por sua vez, foi ministro da Saúde no governo de Dilma Rousseff e, antes, comandou a Secretaria de Relações Institucionais no final do 2º mandato de Lula. Agora, o deputado é cogitado para assumir a articulação política do novo governo –e tem realmente desejo de ser nomeado para esse cargo.

Segundo o Poder360 apurou, a escolha de outra médica também influente, como Ludhmila Hajjar, é vista como algo que poderia ameaçar a intimidade de Kalil com Lula. Por isso, o médico do Hospital Sírío-Libanês defenderia o nome de Nísia.

Padilha pretende manter a influência sobre a pasta, mesmo estando em outro ministério. Com Ludhmila, teria dificuldade. Já a nomeação de Nísia daria ao eventual futuro ministro da articulação política ele poderia manter a Saúde como sua área de influência direta.

Há ainda um 3º nome na lista de cotados para o Ministério da Saúde. A aliados, Lula sinalizou que poderia ceder em alguns critérios e escolher José Gomes Temporão. Ele já esteve à frente da pasta no início do 2º mandato de Lula e liderou o período de maior vacinação no país. Se Temporão for nomeado, será uma mulher a menos na Esplanada lulista.

Com informações do Poder360