Só que uma atividade bastante importante já acontecia por lá antes da chegada do hotel: o litoral norte da Bahia é uma importante área de desova e alimentação de tartarugas-marinhas. Na região, tanto quem está na areia quanto no mar pode ter a experiência de vê-las se alimentando nos corais. Eu mesma vi algumas quando estive lá.
“Há 7 espécies de tartarugas-marinhas no mundo, 5 no Brasil, 4 na Bahia. A espécie mais abundante no Brasil é a verde, é a que mais encalha na praia, já que elas se alimentam de algas, que estão mais próximas da praia. Raramente se vê uma tartaruga fora da água, ela só sobe à noite, vai desovar; o filhote também só nasce à noite, e ela vive o tempo todo no mar”, explica Paulo Lara, biólogo marinho e coordenador de pesquisa do Projeto Tamar da Bahia, que é parceiro de Sauípe desde a inauguração do resort.
O Tamar é uma entidade sem fins lucrativos que, por meio de ações de pesquisa, conservação e inclusão social, recupera tartarugas-marinhas no litoral brasileiro desde 1980.
E essa relação de harmonia com a natureza sempre foi prioridade para o complexo hoteleiro. O barulho que vem das piscinas e a iluminação artificial atrapalham a atividade das tartarugas, pois é, elas ficam bem desnorteadas com a presença de pessoas e luz, por isso as piscinas fecham às 18h, assim como a iluminação do passeio da praia é desligada às 20h. Tudo para que homem e natureza convivam da maneira mais saudável possível. A tartaruga deve se guiar apenas pela luz da lua —e não pela energia elétrica artificial— para enterrar seus ovos na areia.
“O macho nunca sai da água, só a fêmea. Um dos grandes problemas que a tartaruga está enfrentando atualmente são as mudanças climáticas. O que determina o sexo no réptil é a temperatura que o ovo chocou, como o planeta está aquecendo, só está nascendo fêmea. A previsão é que daqui a 100 anos, aqui na Bahia, vai estar tão quente que não vai mais nascer nenhuma tartaruga, nem macho nem fêmea, porque o calor vai cozinhar os ovos”, diz Lara.
Rondas periódicas são feitas pelo Projeto Tamar ao longo dos complexos hoteleiros da região, e se uma luz nova for detectada, por exemplo para algum evento especial, o resort é acionado e uma decisão em conjunto é tomada para que ela não atinja a praia e afete as tartarugas.
“Essa convivência que a gente tem com os hotéis, e o fato de ter uma desova aqui, garantir que os filhotes vão pro mar, é super boa, dá pra ter essa convivência. Nós, humanos, usamos de dia a praia, então se a gente deixar a praia livre, recolhe-se as cadeiras, a praia escura, a gente vai ter uma boa convivência sempre”, comenta o biólogo.
Uma tartaruga-marinha desova a cada dois anos e, em média, faz 5 desovas por temporada com 120 ovos em cada uma e, curiosamente, os ovos são de vários “pais” diferentes. O Projeto Tamar estima que, por temporada, há 9.000 ninhos.
Em 2018, a Costa do Sauípe foi adquirida pela empresa Aviva, que reforçou ainda mais a parceria com o Projeto Tamar. A base do projeto está instalada na região turística de Sauípe, e por isso os hóspedes dos resorts e hotéis que ficam nos 2 km de orla do complexo podem aproveitar para conhecer e apoiar o trabalho realizado pela entidade, participando de atividades como a soltura de filhotes, além de poder reavaliar o impacto de suas ações no meio ambiente com mais consciência.
“Juntos, tivemos a honra de proteger quase 9.000 desovas e devolver ao mar mais de 500 mil filhotes das espécies de tartaruga cabeçuda, oliva, de pente e verde, além de promover educação ambiental para as famílias que nos visitam, com o objetivo de sensibilizá-las e conscientizá-las sobre a preservação das tartarugas-marinhas”, comenta Neide Tavares, gerente de sustentabilidade da Aviva.
Gostei e quero ir, como é Sauípe?
A Costa do Sauípe tem, ao todo, quase 1,8 milhão de m², com 147 mil m² de área construída. Anualmente, 728 mil turistas visitam o resort, vindos de mais de 750 cidades do Brasil e de 28 países diferentes.
No total, há quase 1.600 apartamentos disponíveis em 3 categorias de hospedagem:
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Categoria Resort: que seria o mais em conta, são dois, a Ala Terra e Ala Mar
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Categoria Premium: aqui, o padrão sobe um pouco, é a Ala Sol, mas que passará por uma grande reforma completa (apartamentos, recepção, piscinas) a partir de fevereiro para subir de categoria. Reabrirá ainda em 2024
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Categoria Grand Premium: o mais alto padrão, é a Ala Brisa, que passou por uma grande reforma, subiu de categoria e foi entregue no fim de 2022
Em qualquer hotel que você se hospedar, saiba, estará em um all inclusive, ou seja, todas as refeições, bebidas e atividades estão incluídas na sua diária.
Mas então o que muda de um pra outro? Claro que um ou outro mimo, como um transfer exclusivo, uma cama super king size, um chá da tarde no lounge da recepção, água saborizada à vontade, mas, acredite, a qualidade é alta em quaisquer das categorias.
Mudam também as marcas das bebidas —no Brisa, por exemplo, há uma parceria com a marca de mixologia APTK by Alê D’Agostino e uma nova carta de drinques— e o cardápio, de alta gastronomia ou mais simples.
Nas piscinas, há comida disponível nos buffets o tempo todo (enquanto elas estão abertas, claro), e vai desde feijoada, passando por salada, acarajé, hambúrguer, picolé e casquinha de siri. Coma até não conseguir mais. Vai por mim, nem dá pra ter fome.
Na Ala Brisa, há um serviço volante no restaurante, que serve pratos especiais diferentes dos que estão no buffet, e na belíssima piscina de borda infinita, em que um garçom pode te servir enquanto você toma sol na espreguiçadeira. Já nas outras alas, você precisa ir até os bares para solicitar o seu drinque ou cerveja geladinha.
“A proposta do Brisa é ser cada vez mais intimista e exclusivo, com foco em casais ou em famílias com um filho só, são só 198 apartamentos”, explica Renilson dos Santos, gerente geral do complexo Costa do Sauípe.
Seguindo a lógica de que quem paga mais tem mais acesso e exclusividade, quem se hospeda no Brisa tem acesso às piscinas e áreas comuns de todas as outras alas; quem está na Ala Sol, pode usar as dependências das alas Terra e Mar; e quem se hospeda na categoria resort só pode ficar por lá mesmo. Para se locomover no complexo, há transfers disponíveis, mas dá para fazer caminhando pelo passeio que margeia a praia, muito mais agradável, inclusive.
E além de praia e piscina, o que tem pra fazer?
Normalmente, quem vai para um resort como a Costa do Sauípe está atrás de tranquilidade e descanso, mas além de praia, piscina, bebida e comida à vontade, há várias outras atividades para desfrutar por lá, como sauna, academia e quadras esportivas —inclusive de tênis— para os mais atletas.
Pagos à parte, há serviço de massagens, salão de beleza e aluguel de bicicletas para pedalar na beira da praia.
Desde a aquisição pela Aviva, o entretenimento tem sido o ponto-chave dos complexos que ela administra (além de Sauípe, ela é dona de Rio Quente Resorts e Hot Park, em Goiás), há muitas outras atrações que foram reformuladas e melhoradas, como:
Vila nova da praia: o coração do resort, aberta das 15h às 23h. Representa o centrinho de uma cidade pequena, inclusive com coreto. Por ali, há restaurantes com gastronomia diferenciada: Baêa, Benditos Frutos e La Villa. Experimentei os três e todos valem cada caloria ingerida. Há também um bar para curtir com amigos, o Viva Gastropub.
Vale lembrar que esses restaurantes não estão no sistema all inclusive, são pagos à parte. A depender da categoria da sua reserva, você pode ganhar uma ou mais noites por lá. Informe-se.
É aí também que estão as lojinhas para a compra das lembrancinhas locais, ou uma camiseta do Projeto Tamar.
E é na vila que quase toda noite há um show diferente com muita música e dança para curtir no Teatro da Vila. Na minha visita, conversei com o coordenador artístico que contou sobre a rotina extenuante de ensaios dos atores e dançarinos, todos contratados pelo complexo, e com alto nível. Você vai se divertir e até se emocionar com os espetáculos, e pode até ser convidado para dançar um forró com os dançarinos.
Quermesse da Vila: um dos locais mais charmosos da Costa do Sauípe, traz a nostalgia e a alegria dos antigos parques itinerantes e das tradicionais festas de rua. Há uma roda gigante e um carrossel, ambos pagos à parte. E no meio do ano, é lá que acontece o Arraiá de Sauípe.
Vila Assombrada: é uma casa labirinto com ambientação clássica de terror. A vila valoriza a brasilidade folclórica com base na obra “Assombrações do Recife Velho”, de Gilberto Freire, incluindo personagens da cultura popular nordestina, como o Papa Figo e o Palhaço do Coqueiro. Sua missão é escapar com vida da mansão. As crianças piram e gritam muito. Se você é mais medroso, como eu, pode apostar que vai se assustar à beça. Atração paga à parte com duração de até 20 minutos em grupos de 10 a 12 pessoas. Funciona de segunda, quarta e sábado das 20h até 22h e só para maiores de 13 anos.
Ao longo do ano, a Aviva também disponibiliza uma programação temática variada nos seus destinos, que traz oficinas, eventos e gastronomia diferenciados, como o Sustos e Risos no Halloween; Sabores do Brasil, que celebra a culinária regional; Carnaval Ziriguidum; Arraiô na época de festas juninas e mais.
Vem aí…
Para que os hóspedes tenham ainda mais atrações para curtir em Sauípe, a Aviva anunciou em agosto do ano passado a construção de um parque aquático semelhante ao Hot Park de Goiás. As obras estão previstas para começar esse ano e devem durar de 20 a 36 meses. O investimento é de cerca de R$ 300 milhões.
O projeto terá o nome Hot Park Baía das Tartarugas. Em Rio Quente (GO), o Hot Park terá um novo nome: Hot Park Ilha das Araras. A água do parque baiano também deve ser aquecida.
A boa notícia é que quem se hospedar na Costa do Sauípe terá acesso ilimitado ao parque, que também receberá visitantes somente pelo dia (day use), com compra de ingresso separadamente.
E para as crianças?
Apesar de o público de um resort all inclusive ser diverso, quem mais procura esse tipo de hospedagem são famílias com crianças. Para os pais, paz e sossego, para as crianças, atividades o dia todo, piscina e muita diversão. E garantia de uma noite bem dormida.
A equipe de recreação da Costa do Sauípe, chamada Equipe Boto, fica disponível das 9h30 às 18h e atende crianças de 5 a 12 anos. Eles são os responsáveis por entreter viajantes, o time é dividido para divertir desde crianças pequenas até adultos mais experientes.
Isso significa férias para os pais, que podem ter a certeza de que os pequenos estão assistidos o tempo todo. Se você está hospedado no Brisa (Grand Premium), os monitores vão até o seu hotel buscar as crianças e as devolvem já jantadas ao fim do dia; já quem está nas outras alas, deve levar e buscar os filhos até a Toca da Zooeira, espaço kids do resort.
Na Toca, há uma piscina só pra eles, refeitório, horta, sala de pintura e culinária. As atividades são todas validadas por um coordenador, que é formado em psicologia.
Para gerar conscientização e educação de forma lúdica para crianças, a Aviva criou a Turminha da Zooeira, que tem personagens representando animais que ensinam conceitos de sustentabilidade. Cada animal passa uma mensagem de preservação e conscientização ambiental diferente e tem um storytelling próprio que o conecta com o mundo dos ares, das águas ou da terra.
No mundo aquático, a baleia Léia explica para as crianças todo o universo ligado ao fundo do mar e a tartaruga Marina explora temas ligados à gastronomia e à preservação de sua espécie, o que gera a reflexão sobre o tema no público desde a infância, colaborando para o desenvolvimento de futuras gerações para terem atitudes ambientalmente mais conscientes.
A onça-pintada Zira, o lobo-guará Juba, a arara Lara e o tucano Blá, apesar de serem animais da terra e do ar, estão sempre conectados às cachoeiras e rios do cerrado e às chuvas.
A proteção das águas e do meio ambiente forma parte essencial na estratégia de negócios da Aviva, caminhando junto com o entretenimento. “A Aviva quer ser reconhecida por oferecer destinos sustentáveis que promovam diversão, conforto e lazer em ambientes integrados à natureza, na mais completa plataforma de entretenimento do país, unindo hotéis, parques, empreendimentos imobiliários e ações intencionais em prol da sociedade e do planeta, deixando um legado positivo e o menor impacto possível para futuras gerações”, afirma Alessandro Cunha, CEO da Aviva.
Vale a pena?
Tudo depende do seu orçamento (está com grana ou duro?), perfil (você é mais preguiçoso ou ligado no 220V?), objetivo (descansar ou explorar?), companhia (vai com crianças ou sozinho?) e o que está precisando naquele momento (paz ou sede de cultura?).
Na minha estadia de 5 dias em Sauípe vi muitas famílias com crianças, como mencionei acima, mas vi também inúmeros casais apaixonados e famílias inteiras (e sem crianças), com direito a primos, avós e tios de idades variadas.
