(Foto: Romério Cunha/VPR)

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) vê injustiça na forma como está sendo tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro, que teve sua condenação solicitada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no caso da trama golpista. Mas, mesmo assim, não vê isso como motivo para que Donald Trump, presidente dos EUA, “venha meter o bedelho” nas questões internas do Brasil. A declaração foi feita na manhã desta terça-feira, 15, durante audiência pública da Comissão de Relações Exteriores (CRE) que discutiu estratégias a serem adotadas diante da tarifa de 50% imposta pelo governo Trump aos produtos brasileiros.

“Da mesma forma, caros colegas, que não aceito que o Macron, que a Greta Thunberg, que o Leonardo DiCaprio venham meter a mão em coisas aqui do Brasil, eu também, e aí o senador Humberto Costa (PT-PE) somos oposição um ao outro, mas eu não aceito que o Trump venha meter o bedelho num caso aqui que é interno nosso”, disse Mourão.

“Há uma injustiça sendo praticada contra o presidente Bolsonaro? Há uma injustiça sendo praticada. Mas compete a nós, brasileiros, resolvermos isso”, acrescentou ele, que foi vice-presidente de Bolsonaro.

A taxação de Trump em questão foi anunciada, via rede social do republicano, na última quarta-feira, dia 9, e teve como justificativa justamente a investigação em torno de Bolsonaro.

“A forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente”, escreveu Trump, na ocasião, em carta direcionada ao presidente Lula (PT). O governo brasileiro segue em articulação para reverter a tarifa anunciada.
“Núcleo crucial”

Jair Bolsonaro é apontado como parte do “núcleo crucial” do plano de golpe de Estado pela PGR, que publicou sua manifestação final com 517 páginas na noite de segunda-feira.

No documento, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, reconheceu o ex-presidente como líder da organização criminosa e afirmou que o ex-presidente é o “principal articulador, maior beneficiário e autor dos mais graves atos executórios voltados à ruptura do Estado Democrático de Direito.”

Compõem esse “núcleo crucial”:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente;

  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;

  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;

  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;

  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;

  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;

  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;

  • Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro.

Agora, após as alegações finais da PGR serem entregues à 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, as defesas dos oito réus terão a última oportunidade para apresentarem seus argumentos. Até o momento, todos negaram ligação com a trama golpista.

Foram atribuídos a Jair Bolsonaro e seus aliados os crimes de:

  • tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito (pena de 4 a 8 anos);

  • golpe de estado (pena de 4 a 12 anos);

  • organização criminosa armada (pena de 3 a 8 anos que pode ser aumentada para 17 anos com agravantes citados na denúncia);

  • dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima (pena de 6 meses a 3 anos);

  • deterioração de patrimônio tombado (pena de 1 a 3 anos).

*Com informações de Terra