Trump disse que Bolsonaro é vítima de 'caças às bruxas' - Foto: Ansa - Brasil

O advogado do presidente dos Estados Unidos afirmou que a decisão de Moraes de validar a prisão de Jair Bolsonaro prejudicou os esforços diplomáticos que Lula e Geraldo Alckimin têm feito para melhorar a relação entre os dois países.

Sem citar Bolsonaro diretamente, Martin de Luca afirmou que Alexandre de Moraes “acabou com a diplomacia de Lula”. Ele citou nominalmente o presidente e o vice-presidente do Brasil, afirmando que os dois fizeram um trabalho “incansável” para estabilizar a relação com os EUA.

De Luca mencionou a queda das taxas aplicadas a produtos brasileiros na quinta-feira e disse que Moraes prejudicou os avanços “com uma única decisão”. Uma ordem executiva emitida pelo presidente Donald Trump também incluiu itens agrícolas entre os produtos que não terão mais taxas adicionais.

“Excessos” feitos por Moraes foram responsáveis por desencadear a crise econômica entre Brasil e EUA, diz o advogado. Ele disse, ainda, que a decisão de hoje é um sinal de que “Moraes faz o possível para provar por que foi sancionado” e sugeriu que o país “colocasse a casa em ordem”, sem explicar o que essa frase significa.

Numa segunda postagem, o advogado foi ainda mais enfático e repetiu o mantra americano de “caça às bruxas”. Ele disse que se trata de um “insulto” e “desrespeito” contra Trump. “Na manhã seguinte à flexibilização das tarifas americanas sobre o Brasil — tarifas originalmente impostas em parte devido à perseguição política de Jair Bolsonaro — Alexandre de Moraes elevou essa caça às bruxas a um nível completamente novo”, escreveu.

O advogado destacou que a decisão ataca a Casa Branca. “É difícil imaginar um insulto mais gratuito a Donald Trump e ao Secretário Rubio”, escreveu.

O presidente Donald Trump não falou sobre a prisão de Bolsonaro até o momento. Quando impôs taxas ao Brasil no primeiro semestre, o republicano citou nominalmente o julgamento de Jair Bolsonaro, ameaçando impor ainda mais taxas durante o processo.

De Luca é advogado da Trump Media e da rede social Rumble, alvo de uma disputa judicial envolvendo Moraes. As empresas de comunicação acusam o ministro do STF de censura a conteúdos publicados nestas redes no Brasil.

A pedido de De Luca, a Justiça da Flórida pediu a intimação de Alexandre de Moraes em julho. A Rumble teve suspensão ordenada no Brasil a pedido de Moraes.

Prisão preventiva

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso preventivamente hoje pela Polícia Federal. Por decisão de Alexandre de Moraes, Bolsonaro foi enviado para a Superintendência da Polícia Federal.

A decisão de hoje não tem relação com o cumprimento da pena por tentativa de golpe. Bolsonaro foi condenado pelo STF a 27 anos e três meses. Ele estava em prisão domiciliar com uso de tornozeleira. Defesa tem até a segunda-feira, 23h59, para questionar a condenação no STF.

Agentes estiveram na casa de Bolsonaro em Brasília no início da manhã. A prisão foi solicitada pela PF, sendo atendida e ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes. A primeira Turma do Supremo vai decidir se mantém ou não a prisão preventiva em sessão virtual convocada por Moraes para a próxima segunda, das 8h às 20h.

Motivo da prisão, segundo investigadores, foi chamamento para vigílias feito pelo filho do ex-presidente Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A PF entende que a ação causaria aglomerações em frente à casa do ex-presidente, o que geraria risco para ele e para terceiros. Citando textos bíblicos, ele pediu uma mobilização permanente pela liberdade pai. A decisão do ministro cita “garantia da ordem pública com risco de aglomeração e para o próprio preso”.

Moraes considerou que vigília repetiria estratégia da trama golpista. Decisão relembra vigílias em quartéis e ressalta o risco que uma aglomeração poderia causar, dificultando uma eventual ordem de prisão e até mesmo possibilitando uma eventual fuga do ex-presidente.

Ex-presidente tentou romper a tornozeleira na madrugada de hoje, afirmou Moraes. Na decisão que valida a prisão preventiva, o ministro do STF informou que a tentativa de violação aconteceu às 0h08. Uma das hipóteses levantadas no documento é de que o ex-presidente tentaria fugir durante a confusão causada pela manifestação convocada por Flávio.

Advogados disseram que decisão “causa profunda perplexidade” e pode colocar a vida de Bolsonaro “em risco”. “Principalmente porque, conforme demonstra a cronologia dos fatos (representação feita em 21/11), está calcada em uma vigília de orações”, diz a nota.

“Além disso, o estado de saúde de Jair Bolsonaro é delicado e sua prisão pode colocar sua vida em risco. A defesa vai apresentar o recurso cabível” afirmaram os advogados Celso Vilardi e Paulo Amador da Cunha Bueno.

*Com informações de Uol