Crânio do Homo naledi - Foto: Reprodução / John Hawks / Wits University

Cientistas acharam evidências de que um “misterioso” hominídeo enterrava seus mortos e esculpia símbolos nas paredes das cavernas muito antes da primeira evidência de enterros por humanos modernos.

A espécie, conhecida como Homo naledi, tinha cérebro com cerca de um terço do tamanho do cérebro humano.

Essa descoberta pode provocar mudanças no que se entende sobre a evolução humana. Isso porque as práticas de enterros e símbolos em cavernas só eram associadas ao Homo sapiens e aos neandertais.

Como descoberta aconteceu?

Fósseis do Homo naledi foram descobertos no sistema de cavernas Rising Star, na África do Sul. Lá, cientistas também localizaram fósseis de várias espécies humanas ancestrais. Os pesquisadores detalharam os achados em três estudos aceitos para publicação na revista científica eLife.

Os pesquisadores descobriram que os restos do Homo naledi eram colocados em posição fetal dentro de cavernas e cobertos com terra. Os registros são pelo menos cem mil anos mais antigos do que outros já conhecidos de Homo sapiens.

O time de cientistas também localizou símbolos nas paredes, que podem ter entre 241 mil e 335 mil anos — os testes devem continuar para ter uma data mais precisa. Entre os símbolos, estão algumas formas geométricas. Registros semelhantes foram esculpidos em outras cavernas pelos primeiros Homo sapiens há 80 mil anos e pelos neandertais há 60 mil anos.

Os desenhos podem ter sido usados para registrar e compartilhar informações. “As descobertas recentes sugerem enterros intencionais, uso de símbolos e atividades de criação de significado pelo Homo naledi”, disse Lee Berger, cientista e explorador da organização National Geographic, que é o principal autor de dois estudos e coautor do terceiro.

“Isso significaria não apenas que os humanos não são únicos no desenvolvimento de práticas simbólicas, mas que podem nem mesmo ter inventado esses comportamentos” disse Lee Berger

O que as novas descobertas significam?

Os significados dos símbolos encontrados nas cavernas ainda não são claros. Não é possível afirmar se algum tipo de linguagem foi usado entre a espécie, mas os cientistas acreditam que os desenhos tinham significado.

Inclusive, há evidências nas cavernas de que essa espécie usou o fogo para enxergar dentro do local. “Isso significa que precisamos repensar o momento do uso do fogo, da criação de significado e do enterro dos mortos na história dos hominídeos”, disse Agustín Fuentes, também explorador da National Geographic e principal autor de um dos estudos publicados na revista científica.

O trabalho de Berger e sua equipe será compartilhado em um livro escrito pelos cientistas e em um documentário da Netflix, que estará disponível em 17 de julho. O filme “Unknown: Cave of Bones” pode ser traduzido como “Desconhecido: Caverna dos Ossos”.

A equipe de pesquisa continua seu trabalho para entender melhor o Homo naledi, incluindo a idade da espécie e se há algum DNA preservado nos ossos encontrados nas cavernas.

*Com informações de Uol