A oposição afirma que Maduro reativou uma discussão antiga e que, para os Venezuelanos, é legítima, para distrair a população do processo eleitoral no país cuja eleição deve ocorrer no segundo semestre de 2024 (Foto: Reprodução)

O ditador venezuelano Nicolás Maduro propôs, nesta semana, uma lei para criar uma província em Essequibo —território em disputa com o país vizinho, a Guiana. A proposta vem depois de o regime realizar um referendo em que 96% dos venezuelanos se disseram favoráveis à anexação, segundo o próprio governo.

A própria votação foi alvo de críticas dos opositores de Maduro. A ideia de que a região de Essequibo é da Venezuela, porém, sequer é questionada por eles.

O que dizem os opositores

A principal voz de oposição a Maduro, María Corina Machado, afirmou que o referendo foi um “evento inútil”. Ela também disse, porém, que o país terá de defender seus direitos e demonstrar que Essequibo é da Venezuela.

Henrique Capriles, que foi candidato a presidente, disse que Maduro transformou a oportunidade de fazer algo bom aos venezuelanos em “um estrondoso fracasso”. “Um novo governo terá essa responsabilidade histórica”, completou, referindo-se ao Essequibo.
Juan Guaidó afirmou que “Essequibo é Venezuela”. Ele pediu que a Guiana não “se aproveite” da vulnerabilidade do país, que vive sob uma ditadura.

Reivindicação histórica

A reivindicação dos venezuelanos sobre a região de Essequibo é histórica, o que explica a posição dos opositores a Maduro. O impasse começou ainda no século 19, quando a Venezuela se tornou independente da Espanha.

Em 1814, a região foi dada aos ingleses. Os venezuelanos questionaram a decisão, e uma corte internacional foi formada para arbitrar a questão. Em 1899, a posse definitiva foi dada aos britânicos.

No final dos anos 1940, a Venezuela voltou a questionar a decisão, afirmando que o acordo era fraudulento. A Guiana se tornou independente nos anos 1960.

Em 1982, o assunto foi levado à ONU (Organização das Nações Unidas). Ele segue sem resolução.

Segundo a oposição, Maduro reativou a discussão —que, para eles, é legítima —para distrair a população do processo eleitoral no país. O pleito presidencial deve ocorrer no segundo semestre de 2024.

Também há interesses econômicos, já que a região é rica em petróleo. Desde 2015, quando as reservas foram descobertas, a Guiana é o país da América do Sul que mais cresceu.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, disse que todo o território pertence ao país. Na última quinta (7), os EUA anunciaram que farão um exercício militar aéreo na região.

Com informações do Uol