Foto: Reprodução / Ricardo Stuckert / PR

As gafes da primeira-dama, Janja da Silva, em eventos do G20 Social irritaram e incomodaram membros do governo Lula no último sábado (16).

Em evento paralelo ao G20, Janja chamou a atenção por falas polêmicas. Ao mediar e apresentar eventos oficiais, ela xingou o bilionário Elon Musk, dono do X, em inglês e chamou o autor do atentado a bomba em Brasília de “bestão que acabou se matando”.

A repercussão não agradou membros do governo. Sem se pronunciar publicamente, ministros e aliados não esconderam que acharam a postura imprópria.

O próprio presidente Lula (PT) disse, em evento ao fim da noite, que não era para seus aliados “xingarem ninguém”. Pessoas que fazem parte do governo dizem que ele repete isso com frequência, mas não descartam uma indireta.

Para quê?

Evitar polêmicas desnecessárias tem sido uma das tentativas do governo. Embora muitas vezes nem Lula siga este plano, há um entendimento no alto escalão de que a gestão tem muitas dores de cabeça e que, se puder fugir de uma nova, melhor — gafes como estas da primeira-dama incorrem exatamente nisso.

Lula, por exemplo, não falou ainda sobre o atentado de Brasília. Mesmo cobrado, ele deixou para os ministros se pronunciarem e não chegou nem a fazer uma postagem na internet. O entendimento é que falar do assunto só o amplificaria e poderia até trazer mais repercussão internacional por causa do G20.

Janja foi no caminho contrário. “O que inacreditavelmente aconteceu em Brasília essa semana, e o ‘bestão’ lá acabou se matando com fogos de artifício”, disse Janja, durante o G20 Talks, promovido por ela, rindo e arrancando risadas da plateia. “A gente ri, mas é sério, gente.”

Mais cedo, a primeira-dama já tinha viralizado nas redes por provocar Musk. “Acho que é o Elon Musk. Eu não tenho medo de você, inclusive! Fuck you, Elon Musk”, disse Janja, após ter um problema no microfone enquanto apresentava outro quadro. O bilionário, que deve assumir um cargo no novo governo de Donald Trump, respondeu no X que Lula perderia a próxima eleição.

Foto: Cláudio Kbene / Planalto

Membros do governo questionam a necessidade das falas. Por mais espontâneas que sejam, eles dizem avaliar que só traz repercussão negativa para o governo, para a primeira-dama e para o próprio Lula.

O próprio protagonismo da primeira-dama no show da Aliança Global Contra Fome e Pobreza já estava incomodando ministros. Janja tomou para si o papel de organizar o evento, convidou influencers e artistas amigos e promoveu quase que um evento paralelo.

Não à toa, ganhou a alcunha de “Janjapalooza”. Para membros do governo, mais um sinal claro de que havia uma certa confusão de foco do que estava sendo promovido. O apelido pegou mal até para ela, que deu bronca em uma apoiadora que usou o nome durante um evento.

Quem fala?

Internamente, ministros questionam quem poderia “dar um toque” na primeira-dama, já que isso poderia criar situações delicadas, eles dizem. Ninguém quer se tornar uma persona non grata para a esposa do presidente, ainda mais quando se sabe no Palácio do Planalto que ela é o único assunto inviolável com Lula, conhecido por incentivar que seus ministros critiquem a ele e à sua gestão.

A fala de Lula parece indicar um caminho. “Essa é uma campanha [em] que não temos que ofender ninguém ou xingar ninguém”, disse o presidente, ao lado de Janja, em evento após a fala sobre Musk.

Procurado, o governo preferiu não comentar sobre o caso. A primeira-dama também não comentou. A reportagem a procurou por meio de assessoria de imprensa, mas não teve resposta até a última atualização. O espaço está aberto para manifestações.

*Com informações de Uol