
A chegada de Elon Musk na chefia do Twitter representa o fim da rede social como a conhecíamos. Apesar de uma série de decisões controversas, a mensagem do empresário é bem clara: ou a plataforma diversifica sua receita — mesmo que isso signifique grandes sacrifícios na qualidade do serviço — ou estará fadado a morrer. É esta a leitura geral de especialistas ouvidos por Byte.
No entanto, eles também se mantêm céticos sobre o alardeado “fim” da plataforma, pois ela tem um público fiel que deverá se acostumar às próximas mudanças.
Desde que o também dono da Tesla comprou o Twitter por US$ 44 bilhões (R$ 235 bilhões), demitiu de cerca de metade dos 7.500 funcionários da rede social; suspendeu o trabalho remoto; e acabou com dias de descanso dos trabalhadores impondo um formato de trabalho “hardcore”.
Além disso, o selo azul de perfil verificado, que era cedido no cumprimento de determinados requisitos, poderia agora ser obtido pagando por mês US$ 8 (cerca de R$ 43). A medida permitiu que uma série de perfis falsos aparecesse passando-se pelos “oficiais”. Por conta do problema, o novo selo azul segue suspenso — ao menos até os perfis falsos serem excluídos.
Musk também afirmou que “é essencial mostrar aos usuários do Twitter publicidade o mais relevante quanto possível para suas necessidades”, reiterando que anúncios de baixa relevância são spam. Também descreveu a rede social como sendo um espaço para a livre expressão. Isso foi compreendido como um foco menor na publicidade enquanto modelo de negócios e um aceno para cobrar taxas do serviço aos usuários.
De acordo com o pesquisador sênior do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) João Victor Archegas, o bilionário quer mudar por completo o modelo de negócio atual, além de ser uma visão radicalmente diferente sobre moderação de conteúdo em relação à gestão anterior.
“Musk comprou o Twitter em parte por estar insatisfeito com o que julgava ser uma série de ações de censura da empresa contra vozes conservadoras. Agora no controle, o bilionário promete ser mais leniente e defende uma visão de liberdade de expressão quase absoluta. Sinal disso foi a revogação da suspensão das contas de Donald Trump e Kanye West”, disse Archegas.
Apostas de futuro da rede variam
Carolina Frazon Terra, professora em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, acredita que a mudança de Musk no comando representa, sim, uma quebra de paradigma da rede social. “O Twitter sempre foi uma rede social que visava a produção de conteúdo, mas tinha determinadas regras para ter um perfil verificado. E o Musk vem com uma proposta diferente, de livre expressão no sentido mais amplo do termo”, diz.
Já a sócia e diretora de planejamento da Youpix, Rafa Lotto, pensa que a rede ainda é forte para se criar comunidades e que a aquisição do Elon Musk não mudará muito essa proposta de forma imediata.
“O que eu acho que muda é a confiança das marcas que anunciam nela, com as últimas interferências de Musk em um período de pré Black Friday, por exemplo. Algumas marcas com as quais trabalhamos estavam reticentes em investir algum dinheiro e a rede ‘quebrar’ pelas maluquices que Elon Musk vem fazendo”, explicou.
Empresas como seguradora Allianz e a biofarmacêutica Gilead Sciences, por exemplo, pularam fora do barco assim que Musk assumiu, e outras empresas também estavam reavaliando sua estratégia na plataforma, como a General Mills, Mondelez International e a Pfizer.
*Com informações de Terra