Divertido e irreverente, como de costume – sempre que a política e os absurdos de alguns políticos permitem -, o Artigo de Domingo de hoje nos transporta para o mundo fenomenal da ciência.
São tantas pesquisas importantes para a compreensão sobre a humanidade e as espécies que dividem conosco este planeta, que até as descobertas nem tão extraordinárias assim ganham relevância nos textos do nosso brilhante articulista Felix Valois.
Boa leitura.
Um rato filho da mãe (Por Felix Valois)
Quando eu era criança, muito antes, portanto, da televisão, havia um herói de história em quadrinhos que se chamava Capitão Marvel. Tratava-se de um homem comum que, ao pronunciar a palavra mágica “shazam”, adquiria poderes extraordinários, inclusive o de voar, e saía por aí na defesa dos fracos e oprimidos. Um Super-Homem sem kriptonita e que, ao contrário deste, tinha, ao que me lembro, uma família, constituída pelo Capitão Marvel Jr. e pela Mary Marvel.
Esses guardiães da humanidade tinham, como contraponto, o doutor Silvana, mais conhecido como “cientista louco”, que vivia aprontando poucas e boas, até para que os super-heróis pudessem demonstrar ao que tinham vindo.
Não que eu queira comparar o doutor Tomohiro Kono, que, aliás, nem conheço, com o tal Silvana. Mas que a última invenção dele e de seus colegas japoneses vai dar panos para as mangas, lá isso vai.
Conseguiram eles a seguinte peripécia, segundo o sítio terra.com.br: “fazer um óvulo de rata se transformar em um animal adulto sem ter sido fertilizado por esperma, de acordo com a revista científica Nature. O óvulo tinha dois grupos de cromossomos pertencentes à mãe, ao invés de um materno e um paterno, como ocorre com um embrião normal”.
Era só o que nos faltava, a nós outros do sexo masculino, sermos alijados do processo de reprodução.
Calma, porém, machões de todo o mundo. “O fenômeno, chamado partenogênese, jamais acontece naturalmente com mamíferos” e, mesmo tendo conseguido que a rata se tornasse auto-suficiente em matéria de tão grande e grave importância, os cientistas advertem (que alívio!) que a experiência “ainda não teria condições de funcionar com seres humanos”.
E o doutor Kono, que trabalha na Universidade de Agricultura de Tóquio, explicou à BBC de Londres, a sua relevantíssima curiosidade cientifica: “Insetos podem se reproduzir por partenogênese. Mesmo galinhas podem ser levadas a se reproduzir por partenogênese. Eu queria descobrir por que os mamíferos são diferentes”.
Agora que descobriu, é bom parar, deixando que essa tal partenogênese faça a alegria apenas das “mosquitas” e dos galináceos, enquanto nós, mamíferos humanos, continuaremos na nossa dura, cansativa, mas agradável faina de conseguir que nossos bruguelos continuem a ser o produto da aplicação da atividade mais antiga e mais conhecida em nossa História.
O rato-fenômeno foi chamado de Kaguya e “se desenvolveu até a idade adulta”. Minhas fontes não informaram o nome de sua ascendente, mas fico imaginando como lhe poderia ter sido lavrado o registro de nascimento: “Aos tantos dias, do mês tal, do ano de 2004, nasceu, nesta cidade de Tóquio, capital do Império do Japão, um rato, que recebeu o nome de Kaguya, filho de Kaguyona, ratazana pioneira e revolucionária, a qual, em favor do progresso da ciência, decidiu pôr cobro à sem-vergonhice dos mamíferos, fazendo sozinha os serviços necessários. A avó do menino (digo, do rato) chama-se Partenogênese”.
Eu, hein!
O texto acima tem vinte anos e até agora eu não sei como funciona essa coisa de fazer “imoralidade” a sós.
Em um reconhecimento à importância do ingresso das mães solo no mercado de trabalho, o deputado estadual Roberto Cidade (UB), presidente da Assembleia Legislativa...
Microplásticos estão prejudicando a capacidade de abelhas e outros polinizadores de reconhecer odores florais, comprometendo a polinização de lavouras e ecossistemas.
Estudos recentes, como um...