Tom Ellis vive o protagonista em "Lucifer" - Foto: John P. Fleenor / Netflix

O fim da aclamada série Succession, da HBO, não só deixou os fãs carentes dos constantes esquemas armados pelo clã Roy, mas também ressuscitou uma polêmica antiga: afinal, a Apple deixa vilões de filmes e séries usarem iPhones?

Antes do último episódio, já pipocavam nas redes sociais teorias de que o trailer havia entregado o desfecho da trama. Isso porque, àquela altura, o futuro do império midiático dos Roy estava incerto. E Tom, genro do patriarca da família, Logan Roy, apareceu usando um celular Android, enquanto os irmãos Kendall, Roman e Shiv usavam iPhone. Isso foi o suficiente para usuários de redes sociais promoverem Tom a vilão da série e encarar que isso poderia querer dizer que ele se tornaria o sucessor do Império Roy.

Mas de onde vem isso? O rumor é antigo, mas ganhou contornos mais realistas quando um cineasta de peso resolveu falar. Em 2020, o diretor de cinema Rian Johnson (“Star Wars: Os últimos Jedi”, “Looper” e “Entre facas e segredos”) revelou em entrevista à “Vanity Fair” que a Apple não permite que vilões ou personagens com condutas duvidosas usem iPhones. O objetivo da empresa, diz ele, é não querer associar a marca a algo “negativo”.
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Mas será mesmo? Se olharmos para o filme “Entre Facas e Segredos”, de 2019, vários suspeitos usam seus iPhones, como Linda (Jamie Lee Curtis). O único personagem que não tem um celular da Apple é justamente Ransom (Chris Evans).

 Alguns exemplos:

  • Lúcifer, da série da Netflix, usa um Huawei Honor 5X;

  • Homelander, de “The Boys”, também não usa um iPhone. Na série, os outros heróis usam celulares da Sony, mas não é possível identificar qual o modelo exato do do antagonista;

  • Alexander Pierce, vilão de “Capitão América: Soldado Invernal”, usa um celular da HTC;

  • E não é só em produção de Hollywood. Em “Avenida Brasil”, Max usa um Nextel Motorola i897 e a Carminha usa um Blackberry Curve 9300.

A teoria vale para produções de vários serviços de streaming, com exceção de um: a Apple TV+.

Na plataforma em que a Apple veicula suas séries e filmes, não importa se é bandido ou mocinho, todos usarão iPhones e toda sorte de aparelhos da empresa.

Às vezes, isso é tão evidente que os dispositivos aparecem tanto quanto os personagens principais da trama. Em um episódio de “Ted Lasso”, por exemplo, um aparelhinho da Apple apareceu a cada 1,24 minuto, segundo cálculo feito pelo jornal “Wall Street Journal”.

Toda essa discussão diz respeito ao chamado “product placement”, uma técnica de marketing para introduzir produtos e serviços de determinadas marcas de uma forma invisível na narrativa da série ou filme, mas muito notável para quem está assistindo.

A posição e o momento em que marcas exibem os itens são cuidadosamente detalhados com base em conhecimento científico sobre o espectador. Na Apple+, por exemplo, os dispositivos surgem no centro da tela, pois é o local para onde converge a atenção do expectador.

*Com informações de Uol