O desmatamento na Amazônia cresceu 150% no mês de dezembro de 2022, em relação ao mesmo período de 2021. O relatório divulgado nessa sexta-feira (6) foi o último sobre o tema com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
Os dados detectaram 218,4 quilômetros quadrados de cobertura florestal destruídos na parte brasileira da Amazônia no último mês, segundo o programa de vigilância Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O espaço devastado aumentou mais de 150% em comparação com os 87,2 quilômetros quadrados destruídos em dezembro de 2021, segundo o Deter.
Enquanto esteve no cargo, Bolsonaro provocou protestos — até mesmo internacionais — pela onda de incêndios e desmatamento na Amazônia.
Aliado do agronegócio, durante o governo do ex-mandatário, o desmatamento médio anual da floresta, que é a maior tropical do mundo, aumentou 75,5% em relação à década anterior.
“O governo de Bolsonaro pode ter acabado, mas seu trágico legado ambiental ainda será sentido por muito tempo”, disse o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, em comunicado.
Conforme o Inpe, este foi o pior dezembro já registrado para o programa Deter, que já existe há oito anos. Em 2022, o desmatamento também atingiu recordes durante agosto, setembro e outubro. Nesse período, devido ao clima mais seco, o corte raso e incêndios costumam crescer.
Especialistas afirmam que grande parte da destruição é causada por fazendas e grileiros que desmatam a floresta para criação de gado ou para plantações.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou queda acentuada no desmatamento nas gestões anteriores, de 2003 a 2010.
Agora, após ser eleito pela terceira vez para presidir o Planalto, o mandatário prometeu reiniciar os programas de proteção ambiental no país em busca do desmatamento zero. O posicionamento de Lula tem como principal objetivo conquistar o respaldo internacional para colocar suas ações em prática.
O petista tem avisado ao mundo que trabalhará para que chegue a zero o desmatamento na Amazônia e a emissão zero de gases que ocasionam no efeito estufa na matriz energética. Ele ainda se esforça para que empresários explorem a região de maneira sustentável.
O presidente ainda sinalizou que adotará medidas rígidas para acabar com o garimpo ilegal em terras indígenas. Ao longo dos últimos dois anos, Lula demonstrou muita insatisfação com as medidas adotadas por Bolsonaro. Na avaliação dele, o governo anterior desmontou políticas públicas na área, o que facilitou ações criminosas de garimpeiros.
Uma das suas promessas de campanha para acabar com o garimpo ilegal é a criação do Ministério dos Povos Indígenas, liderado pela deputada federal Sônia Guajajara (PSOL).