(Foto: Valera Edgardo Ulan/Reprodução)

Pedro Luiz Côrtes, geólogo e professor do Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental (PROCAM) da USP, associa a tragédia do deslizamento de pedras no Lago de Furnas, que aconteceu neste sábado, em Capitólio-MG, com o que aparece normalmente com as geleiras.

Ele comenta que o que aconteceu hoje é um fenômeno raro de ser presenciado, mas ocorre naturalmente. “Temos uma encosta muito inclinada no cânion, com rochas sedimentares, como se fosse areia consolidada ao longo de milhões de anos. Esse tipo de material é muito suscetível às questões climáticas: chuva, sol, variação de temperatura”, disse em entrevista à CNN.

“Aos poucos esse material vai se desagregando. O paredão está naturalmente fraturado. Isso permite a penetração de água [das chuvas], que faz com que essas fraturas sejam ampliadas. Então você cria uma dissociação das colunas de rocha. E com o tempo essas colunas se abatem”, destacou.

Côrtes associa essa queda de paredão ao que acontece com as geleiras. “Lembra muito o que acontece nas bordas de geleiras”. Ele até lembrou que o Parque Nacional Los Glaciares, na região da Patagônia, na Argentina, as geleiras estão abertas à visitação de pessoas.

“As equipes de turismo não se aproximam da geleira justamente por esse tipo de problema. Você tem o abatimento de grandes blocos de gelo, que podem causar ferimentos graves ou levar a óbito as pessoas pelo impacto direto ou pela movimentação de água provocada”, disse o professor. “Sempre deve ser mantida uma distância segura”, finalizou.

Tragédia

A queda de parte de uma grande rocha em um dos cânions do Lago de Furnas, em Capitólio (MG), atingiu turistas que estavam em embarcações neste sábado, 8. A região é muito conhecida pelo turismo.

Em coletiva, o Corpo de Bombeiros informou que 6 pessoas morreram com o desabamento e outras 20 estão desaparecidas. Ainda segundo as informações divulgadas, 9 pessoas seguem internadas, em hospitais de cidades próximas a Capitólio, e 23 foram atendidas e liberadas.

Os corpos foram levados ao Instituto Médico Legal de Passos (MG) onde serão identificados. A perícia também investigará as causas do óbito.

Cerca de 40 bombeiros, incluindo mergulhadores especializados, participam das buscas que abrangem tanto as águas como uma investigação a partir do relato de testemunhas e das empresas de embarcações. Ainda não se sabe as causas do desabamento que inicialmente foi atribuído como decorrência de uma tromba d´água.

*Com informações do Portal Terra